Dia do Índio: Congresso alerta para aumento de suicídios

Os senadores Paulo Paim (PT-RS) e Vicentinho Alves (PR-TO) alertaram nesta segunda-feira (16) para o aumento de casos de suicídios de índios. Em discurso na sessão solene para celebrar o Dia do Índio, Paim disse que, entre 2003 e 2010, apenas em Mato Grosso do Sul, 176 índios se suicidaram.

 Vicentinho pediu ao Executivo e ao Legislativo atenção à “tragédia do suicídio dos índios Carajás”. O parlamentar acrescentou que bebidas alcoólicas e drogas estão destruindo a paz da comunidade.

Paim atribuiu o aumento dos casos de suicídio à “extrema situação de violência a que estão submetidos esses povos”. Entre 2003 e 2010, ainda de acordo com Paim, foram assassinados 250 índios e ocorreram 190 tentativas de assassinatos, apenas em Mato Grosso do Sul.

População maior

Também em discurso na sessão solene, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) observou que, desde que a população indígena passou a ser contabilizada nos censos demográficos brasileiros, a partir de 1991, registrou-se significativo aumento do número de pessoas que se autodeclaram indígenas.

Segundo ela, em 1991, o grupo indígena contabilizava 294 mil pessoas. Em 2000, o número saltou para 734 mil pessoas, registrando taxa geométrica de crescimento anual de 10,8%, valor significativamente superior à média nacional, que registrou crescimento anual de 1,6%.

O último censo, de 2010, conforme a parlamentar, assinala a continuidade do crescimento populacional indígena, “não obstante certa desaceleração de ritmo, pois registrou o número global de 817 mil pessoas – aproximadamente 0,4% do total da população brasileira – distribuídas em 688 terras indígenas”.

Para o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) esse é um fato para comemorar. De acordo com o parlamentar, as mais de 220 diferentes etnias que constituem o contingente indígena do povo brasileiro já somam mais de 800 mil pessoas, distribuídas pelos pontos mais diversos do território nacional.

“E, embora constituindo um extrato equivalente a menos de meio por cento da população brasileira, de um ponto de vista meramente estatístico-demográfico, eles congregam, no âmbito étnico-cultural, uma parcela absolutamente relevante da nossa diversidade”, destacou.

Rio+20

Marcos Terena, professor de Conhecimento Tradicional e Espiritualidade na Cátedra Indígena Internacional, disse ter esperança de que os brasileiros aprendam muito com os índios. Terena anunciou a montagem de três ocas na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), prevista para junho no Rio de Janeiro.

Uma das ocas, informou, será dedicada a temas como mudança climática e erradicação da pobreza sob a ótica indígena. Terena disse que o conceito de pobreza para o índio é diferente: um homem que precisa andar em carro blindado, por exemplo, é considerado pobre pelos índios.

Uma das ocas é a tradicional e vai levar à conferência das Nações Unidas os conceitos da engenharia indígena. A terceira oca é tecnológica e vai transmitir ao vivo conhecimentos indígenas para todos os países participantes do evento.

Agência Senado