Foto premiada no Pulitzer mostra ocupação dos EUA no Afeganistão

Uma foto que mostra o horror da ocupação estadunidense no Afeganistão e a reação do fanatismo religioso. Que mostra o verdadeiro horror do que dia-a-dia dos países que estão sob o domínio das armas da OTAN e o mal que faz ao mundo viver sob as garras do imperialismo dos Estados Unidos.

Afeganistão

Assim pode ser resumida a imagem que o fotógrafo afegão Massoud Hossaini captou de uma atentado em dezembro na cidade de Cabul. Ela foi a responsável pelo primeiro prêmio Pulitzer da agência de notícias France Presse.

Uma  imagem comovente de uma menina que grita horrorizada após um ataque suicida em  templo xiita. Ela foi vencedora da categoria "Foto Últimas Notícias". A criançaestá em meio a uma pilha de corpos, transmitiu ao mundo a ideia da devastação do lugar, logo depois do atentado no templo , repleto de fiéis.

Fotógrafo

Hossaini trabalha para a AFP desde 2007, e estava a poucos metros do local quando uma bomba explodiu, no dia 6 de dezembro do ano passado, matando pelo menos 70 pessoas.
O próprio fotógrafo relatou o acontecimento, pouco depois, em entrevista à AFP. “Estava com minha câmera quando, de repente, ouvi a explosão. Por um momento não entendi o que acontecia, só senti a onda da detonação como uma dor em meu corpo. Caí no chão”.

O fotógrafo disse também que viu as pessoas correndo para se afastar da fumaça. Quando Hossaini parou e se sentou, viu sua mão sangrando. “Meu trabalho é documentar os fatos, então corri no sentido contrário das pessoas. Quando a fumaça se dissipou, vi que estava no meio de um círculo de corpos”.

Hossaini contou que, no momento da foto, só conseguia chorar e fotografar a desolação que encontrou a sua volta. Ainda no relato sobre o acontecido, o fotógrafo disse que não pôde ajudar ninguém, pois estava em estado de choque. A única decisão que conseguiu tomar foi registrar tudo o que via, toda a dor e "as pessoas correndo, chorando, batendo no peito e gritando: Morte à Al-Qaeda, morte ao Talibã".

“Depois, olhei para a direita e vi uma menina, Tarana Akbari, de entre 10 e 12 anos, que gritava de terror com a roupa manchada de sangue e as mãos abertas, em sinal de impotência e desespero. Estava cercada de corpos. Ao ver o que tinha acontecido com seus irmãos, primos, tios, mãe, avó, e a todos a seu redor, só conseguia gritar”.

Menina

A própria Tarana, que foi depois ouvida por jornalidas da AFP, contou que "quando consegui me levantar, vi as pessoas em volta, atiradas no chão, cobertas de sangue. Estava muito, muito aterrorizada".

Na entrevista que concedeu no dia 12 de dezembro, a menina afegã lembrou que, no dia, foi com 16 parentes ver as manifestações do Ashura, uma das festas sagradas xiitas, culto professado por sua família. Pôs o melhor vestido, de um verde brilhante.

Tarana ("melodia", em persa) foi ferida levemente na perna. Sete pessoas de sua família morreram, entre elas seu irmão mais novo, Shoaib, de sete anos. Ficaram feridas a mãe e as irmãs Sunita, de 15 anos, e Sweeta, de quatro. O pai tinha deixado a cidade, para um trabalho.

Por Kerison Lopes, com agências