2012: O grito de alerta

Por melhores empregos e renda, trabalhadores defendem indústria

A principal bandeira do Dia dos Trabalhadores em 2012 incorpora um objetivo amplo de luta por um Brasil melhor e mais avançado: “Desenvolvimento com menos juros, mais salários e empregos”. Esta é a palavra de ordem do 1º de maio unificado que abrange a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), além da Força Sindical, Nova Central, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), levada às ruas de todo o país, juntamente com as demais reivindicações dos trabalhadores.

A derrubada das taxas de juros é fundamental para o fortalecimento do setor produtivo nacional e, em consequência, para a garantia do emprego e da renda dos trabalhadores. “O projeto de desenvolvimento que defendemos exige uma indústria forte, com bons empregos, que valorizem o trabalhador e a trabalhadora. O 1º de Maio é um dia de festa, mas também é uma data para refletirmos sobre o país que queremos para o nosso futuro”, defende o presidente nacional da CTB, Wagner Gomes.

É com este sentido que os trabalhadores mobilizam-se desde fevereiro em torno do Grito de Alerta pelo Emprego e Indústria, que também fez parte do 1º de Maio Unificado, unindo a CTB e as demais centrais sindicais na luta pela queda nas taxas de juros. Movimento que inclui boa parte do empresariado brasileiro, aliados no embate pelo fortalecimento da indústria nacional. O setor vive uma ameaça grave, que coloca em risco a produção nacional, o emprego e a renda dos trabalhadores. Em 2011, a indústria brasileira quase parou: cresceu apenas 0,3%. Dessa maneira, sua participação relativa no PIB nacional diminuiu muito. Na década de 1980, era de 27%; isto é, era responsável por quase um terço de tudo o que se produzia no país. Caiu agora para 16%, ou em torno de um sexto da produção nacional, que inclui, além da indústria, a agricultura e mineração e o setor de serviços. Em consequência, em muitos lugares a indústria está demitindo. Segundo a Fiesp, em São Paulo, em março, 4,5 mil demissões perderam o emprego no pior resultado desde 2006.

Demandas históricas

Esta situação, diz Wagner Gomes, precisa ser enfrentada pela classe trabalhadora para que o Brasil se desenvolva. Para João Batista Lemos, secretário adjunto de Relações Internacionais da CTB, concorda e ressalta que a aliança com o empresariado produtivo é importante neste momento. Mas ressalta que essa não vai impedir a continuidade da luta “por demandas históricas da classe trabalhadora, como a jornada de 40 horas semanais e todos os pontos que fazem parte da Agenda da Conclat”, aprovada na grande conferência realizada em São Paulo, em junho de 2010.

Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB, enfatiza a necessidade de levar essa discussão ao conjunto dos trabalhadores. “Precisamos dialogar com a população sobre isso. Nossa luta é por menos juros e pelo controle do câmbio, para que a indústria nacional não quebre e para que deixemos de ser uma nação exportadora de matérias-primas”, afirmou.

No dia 12, a 10ª Plenária Nacional da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), reforçou a luta aprovando um chamado ao povo brasileiro para ir às ruas e dar um basta nos juros altos. Ela ocorreu no Sindicato dos Bancários, em São Paulo, com a participação de mais de 50 dirigentes de vários estados e aprovou o dia 5 de junho para a realização de um Dia Nacional de Luta contra os abusos do sistema financeiro.
Em abril o governo obteve importantes vitórias neste esforço ao determinar a redução dos juros nos bancos oficiais (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) e, com isso, forçar os grandes bancos privados a reduzir seus juros.

Ação do governo

É uma vitória importante que o governo só pode alcançar pois aqueles bancos oficiais não foram privatizados, como Fernando Henrique Cardoso quis fazer quando era presidente mas não conseguiu devido à forte resistência que encontrou. E, agora – quando pela primeira vez na história um governo brasileiro enfrenta abertamente o setor financeiro – ficou mais uma vez demonstrada a importância do governo ter em suas mãos setores estatais estratégicos para usá-los como ferramentas pelo desenvolvimento do país.

O Grito de Alerta faz parte dessa luta contra a destruição da indústria brasileira. O fortalecimento da indústria interessa aos empresários, é claro. E também, e muito, aos trabalhadores, que querem o desenvolvimento nacional para garantir empregos, salários valorizados e melhor qualidade de vida para todos.

Reivindicações das quais os trabalhadores não abrem mão

– Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salários;

– Reforma agrária;

– Valorização do serviço público e do servidor público;

– Continuidade do processo de redução da taxa de juros;

– Fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias.