Nacionalização: avisem o Jabour que a Bolívia é soberana

O valor que será restituído à multinacional espanhola ainda não foi definido. Os fundos para o pagamento virão dos cofres da Ende (Empresa Nacional de Eletricidade, na sigla em espanhol).

A Bolívia nacionaliza a distribuição de energia pelo mesmo motivo que o fez a Argentina ao reestatizar a YPF, também de capital espanhol: em um intervalo de 15 anos, a REE investiu apenas 81 milhões de dólares no sistema de distribuição elétrica do país.

O ministro de Hidrocarbonetos Juan José Sosa informou que “o investimento anual da REE girava em torno de cinco milhões de dólares”, cifra que considera baixa perante os 200 milhões de dólares que sua gestão investiu somente nos últimos dois anos.

Em nota à imprensa, a companhia espanhola diz que “acredita que chegará a um acordo para alcançar uma compensação adequada e defender os interesses de seus acionistas”. Ainda assim, admite que houve “um decréscimo no ritmo de investimentos dos últimos anos”. De acordo com a legislação boliviana, desde 2008, os novos investimentos na infraestrutura de distribuição de energia do país só poderiam ser feitos pela estatal Ende.

O Jabour não entende

São nestes termos que o comentarista da Rede Globo, Arnaldo Jabour se refere aos bolivianos: “são pobrinhos, temos [nós brasileiros] que tolerar e os coitadinhos continuam nos chamando de imperialistas”. O comentário aludia à decisão do governo boliviano de nacionalizar o gás e do petróleo em 2006. Na ocasião, setores da imprensa chegaram a propor uma guerra do Brasil contra a Bolívia por estarem atacando uma empresa brasileira.

Desta vez, Jabour ficou inconformado com a “rebeldia e audácia” dos países sul-americanos: “sempre houve um respeito filial dos países hispânicos pela nação fundadora. Parece que os neo-nacionalistas querem se desfiliar da Espanha, desafiando o pai. Essa política de nacionalização do mundo, em geral dá catástrofe”.

Esqueceram de avisá-lo que a Bolívia independe da Espanha há 186 anos e não se trata de querer se desfiliar do país ibérico, mas apenas de exercer sua soberania enquanto nação democrática e independente…

Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva