PCdoB: unir por Porto Alegre

Esta eleição em Porto Alegre se dá em um momento em que a cidade anseia por uma virada: precisa retomar o seu papel de vanguarda no Rio Grande e no Brasil. Porto Alegre sempre foi inovadora, tanto nas ideias como nas ações. São inúmeros os exemplos ao longo da sua história, o que até lhe rendeu o título de capital mundial da democracia.

Porém, atualmente, Porto Alegre encontra-se estagnada. Ou seja: não nos faltam somente mais e melhores políticas públicas, mesmo sabendo que a falta delas tem sido tão sentida pelo povo porto-alegrense – sobretudo nas áreas mais sensíveis como saúde, educação e segurança. Porto Alegre também está "carente" em se tratando de ideias – pelos que a governam – e de um projeto de futuro.

Não basta tentar forjar uma imagem a custa de milhões de reais em publicidade. Capitalizar em cima das grandes obras, mesmo que as iniciativas e os recursos venham de fora (governo federal ou iniciativa privada); enquanto isso, as periferias estão abandonadas, os serviços públicos sucateados, as filas só aumentam nos postos de saúde, o transporte só piora, o governo aprova a criação de mais CCs às vésperas da eleição para usar como moeda de troca na atração de aliados de ocasião. Esse é o velho jeito, aquele que alimenta mais e mais a estagnação.

Precisamos de uma nova visão de desenvolvimento para a cidade. É para unir forças em torno deste novo projeto para Porto Alegre que o PCdoB apresenta a candidatura da deputada Manuela dÁvila. Esta nova liderança política que, com o seu trabalho, orgulha o Rio Grande e o Brasil. Ao longo dos seus dois mandatos como deputada, Manuela provou que possui grande capacidade política. Com inteligência e muito diálogo, vem agregando cada vez mais apoios. Vem construindo uma aliança política ampla, focada na união de todos por essa Porto Alegre que quer ser novamente protagonista e inovadora. Um protagonismo real, baseado no desenvolvimento que deve se traduzir em mais qualidade de vida e participação. Que tenha como prioridade da gestão pública as pessoas e a efetiva promoção da igualdade.

Esta política de alianças, na visão do PCdoB, se orienta pelo seguinte: os governos dão certo quando entendem que resolver os problemas das pessoas está acima das diferenças partidárias, e são capazes de somar forças em torno de um projeto. Isso acontece no Brasil com Dilma. E isso acontece em cidades com governos inovadores, como Canoas, aqui do lado. Essa é nossa política de alianças, praticada pela esquerda com Dilma, em Canoas e em tantas outras cidades. É por isso que queremos sim ter o PP, o PR, o PSB, o PSC conosco, como queríamos também ter o PT. O PT tomou uma decisão legitima, e nós consideramos o seu candidato como parceiro do nosso campo, do campo de forças que querem mudanças em Porto Alegre. As eleições é que vão dizer com qual candidato, com qual aliança, com qual programa a cidade se identifica. O “nosso adversário” são os grandes impasses da cidade, e as praticas políticas que não conseguem a muito tempo superá-los.

O lugar da ideologia na eleição

Muito tem se falado em ideologia e o o PCdoB é um partido ideológico. Aliás, todos são, de uma maneira ou de outra. Mas, entendemos que a eleição municipal é um evento no qual o principal debate é o da luta política, em torno de programas e propostas para a cidade. Mas, mesmo tratando dos temas e das especificidades de uma realidade marcada pelo localismo, também não está limitada a eles. O resultado da eleição em uma capital tão importante como Porto Alegre tem grande repercussão nos rumos da política e da luta social no país. Portanto, a disputa local também é parte da grande luta política e, evidentemente, a ideologia está contida nesse processo.

Haveria alguma contradição em o PCdoB estar unido ao PP, por exemplo (este que no passado foi Arena)? Não. E por que não haveria? Tanto o PCdoB como o PP, para além das suas diferenças ideológicas, fazem parte e lutam para que o projeto que está em curso no Brasil siga adiante. São partidos aliados. Também podem estar juntos, em torno de um programa comum, e buscar governar Porto Alegre.

Desde a redemocratização, o Brasil mudou muito: houve uma profunda e extensa reconfiguração no espectro partidário do país e o reposicionamento das forças políticas de acordo com as mudanças estruturais ocorridas na sociedade (e no mundo). Os próprios comunistas brasileiros tiveram de enfrentar o revés do fim do socialismo no leste europeu e a queda da União Soviética. Amargar com as derrotas e aprender com os erros do passado. Mas, como defendia a tese do PCdoB do início dos anos 90: "O mundo não pára e o socialismo vive." Hoje o PCdoB está aí, cada vez mais forte. Acaba de completar 90 anos, com muita vitalidade.

De lá pra cá, alguns aliaram-se e se comprometeram "até a medula" com um modelo perverso que quase quebrou o Brasil: o neoliberalismo. Foram derrotados e relegados ao julgamento da história. Contudo, após 2002, o Brasil vive um novo momento na sua história. Aos poucos a nação vai superando a "herança maldita" dos neoliberais. Consolida e aprofunda um novo projeto nacional de desenvolvimento. Esse é o lado do PCdoB: a defesa de um Brasil cada vez mais desenvolvido, democrático e soberano. Quem são os adversários desse projeto? Os neoliberais – que são os mesmos, em geral, que defendem os interesses rentistas (do sistema financeiro internacional) no país; o latifúndio improdutivo e o imperialismo, que desequilibra as relações entre as nações e dificulta a evolução de um mundo livre e integrado solidariamente.

A política mudou, mas tem gente que não quer enxergar

Um dos grandes feitos de Lula foi justamente ter unido amplas forças em favor deste novo projeto nacional. Uma grande unidade política que tem o apoio do PCdoB, e que permanece com Dilma. Já o PP tem sido um dos principais partidos da base de sustentação do projeto nacional, desde o primeiro mandato de Lula. Tem na sua base de representação setores do empresariado nacional da indústria e do campo que, assim como os trabalhadores, tem o maior interesse em fortalecer o desenvolvimento do país.

Na visão do PCdoB, a vitória no plano local das forças que compõem este projeto nacional fortalece as perspectivas do país continuar mudando. Mas, onde está a ideologia? Essas vitórias também impulsionam a luta da sociedade e dos trabalhadores por mudanças mais profundas. O PCdoB, no seu “Programa Socialista”, aprovado em novembro de 2009, define uma articulação viva e atual entre o “rumo” e o “caminho” das transformações. O socialismo renovado é o objetivo estratégico, ou seja, o rumo. As vitórias do povo que contribuem para o fortalecimento do projeto de desenvolvimento nacional e a luta pelas mudanças que o país necessita: o caminho.

Portanto, a política de alianças do PCdoB em Porto Alegre não está pautada por trocas de interesses ou cargos e espaços em governos. O PCdoB pauta a sua agenda com as demais forças políticas da cidade em cima de ideias e da disposição para o diálogo. O sentido é o de construir um projeto novo para a cidade, conectado com as mudanças no país. Ou seja, trata-se de uma política de alianças que é absolutamente justa.

Mas, certamente que o exame mais profundo sobre as motivações e movimentos em torno das alianças na disputa pela prefeitura de Porto Alegre é necessário. Aliás, pode dizer muito sobre as intenções que estão por trás de cada projeto.

Todos juntos por Porto Alegre

O PCdoB, desde o ano passado, tem procurado dialogar com todas as forças políticas que compõem a base do governo Dilma na nossa cidade. Continuará fazendo isso. Nosso objetivo: unir por Porto Alegre.

Clomar Porto
Jornalista
Secretario de Comunicação – PCdoB RS