Líbia agora chama de bandidos homens que tratava como heróis

O premiê líbio, Abdel Rahim Keib, qualificou como marginais os ex-insurgentes que atacaram seu escritório nesta capital para reclamar uma recompensa por lutar contra Muamar Kadafi, destacou nesta quarta (9) a televisão.

"Bem como o governo afirma que honrará suas promessas, também anuncia que não cederá à chantagem ou a marginais, e não negociará sob ameaça de força", disse Keib em um discurso televisivo no que se referiu ao assalto à sede do governo no centro de Trípoli.

Cerca de 200 ex-insurgentes armados, alguns com morteiros, carros equipados com metralhadoras antiaéreas e fuzis de assalto, rodearam e irromperam no edifício governamental na terça-feira, supostamente para exigir que se retomasse o pagamento por sua participação na guerra de 2011. Eles atuavam como mercenários a serviço da Otan, na agressão que derrubou o presidente Muamar Kadafi.

Fontes militares do autoproclamado governo do Conselho Nacional de Transição (CNT), que liderou a insurreição contra Kadafi desatada em Benghazi em 17 de fevereiro de 2011, tinham anunciado a ocorrência de duas mortes, mas nesta quarta-feira confirmaram uma morte e quatro feridos.

Khaled Besher, integrante da segurança do CNT em Trípoli, declarou que três guardas e um dos atacantes sofreram lesões, enquanto 14 ex-insurgentes foram presos nas últimas horas.

Keib disse que esses homens "simularam" ser antigos combatentes sublevados para cobrar a recompensa oferecida em reconhecimento à sua contribuição, apoiados por militares da OTAN, para derrubar o líder líbio, capturado e assassinado em outubro passado.

"Esta tarde, o edifício do conselho de ministros foi atacado por homens armados bandidos que pretenderam se passar por revolucionários (termo usado para aludir aos sublevados contra Kadafi), mas não o são", apontou o titular ontem à noite.

Acrescentou que esses irregulares, milicianos da minoria étnica bereber provenientes da localidade sudoeste de Yafran, alegaram que seu ataque foi para cobrar o dinheiro, cuja anulação decidiu o CNT depois de advertir sobre manifestações de fraude entre os beneficiados.

Enquanto Keib chamou de marginais aos agressores, o porta-voz do governo líbio, Nasser Manaa, assinalou que o ministro de Defesa tinha iniciado negociações com os inconformistas "para encontrar uma solução" a suas demandas de pagamento.

O CNT, que pretende realizar eleições para uma assembleia constituinte em 19 de junho, tem sido incapaz de impor sua autoridade no vasto território de Líbia, onde milícias ou brigadas de ex-insurgentes controlam zonas e se negam a entregar as armas.

Com Prensa Latina