Jornalistas: reajustes superam inflação no 1º trimestre do ano

 

Mais de 80% dos reajustes salariais conquistados pelos trabalhadores brasileiros, no intervalo de janeiro a março deste ano, apresentaram ganhos acima de inflação. O dado faz parte do relatório da Rede de Apoio à Negociação (RAN), elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O aumento real nos salários, realidade para 84,6% das 13 negociações concluídas no primeiro trimestre deste ano, é uma tendência que tem sido verificada já há algum tempo e demonstrada nos levantamentos anteriores do Dieese.

"Os jornalistas de impressos do Ceará tiveram a negociação fechada em março de 2012 (retroativa a setembro de 2011), com ganho real de 1,5% para o piso. É um avanço, mas sabemos que esse desempenho pode ser ainda maior, dado o porte e os lucros das empresas do setor", afirma a presidente em execício do Sindjorce, Samira de Castro. De acordo com ela, o ganho real é uma forma de o trabalhador aumentar o poder de compra do seu salário. "A inflação não é mais parâmetro para negociação", assegura.

Todas as categorias registradas negociaram reajustes salariais tendo como referência a inflação medida pelo INPC-IBGE. Os ganhos reais variaram de 0,30% a 5,06%, sendo que uma registrou ganho real de 0,01% a 1%; cinco apresentaram elevação de salário acima da inflação entre 1,01% e 2%; três entre 2,01% a 3%; uma entre 3,01% e 4%; e uma acima de 4%.Para o Dieese, a mudança na magnitude dos ganhos reais é condizente com os dados analisados no último Balanço dos Reajustes Salariais, divulgado em março de 2012.

Dos relatos das 13 negociações concluídas, seis trouxeram informação sobre reajuste do piso. Os índices conquistados variaram de 10% a 15,38%. Tomando o INPC-IBGE como deflator, três categorias obtiveram ganhos reais de até 4% nos pisos, duas de 5% a 7% e uma acima de 8%. Considerando o ICV-DIEESE, todas as categorias tiveram, também, ganhos reais nos pisos. Os principais temas tratados nas negociações concluídas foram: reajuste salarial, piso salarial, aumento real, benefícios, melhorias nas condições de trabalho, remuneração e abono salarial.

Concluíram as negociações os trabalhadores nas indústrias da construção civil e de cimento (BA), saúde privada (SP), comerciários (CE), rodoviários (BA e CE), trabalhadores no comércio de derivados de petróleo, aeroviários e aeronautas (nacionais) e os trabalhadores em transporte de fretamento (CE). Os funcionários públicos estaduais do Ceará e Rio Grande do Norte e os municipais (PR) também tiveram seus processos concluídos.

Negociações em andamento

Ainda estão em negociação trabalhadores em transportes especiais (AM), empregados em escolas particulares (RJ e RS), trabalhadores nas indústrias químicas e farmacêuticas (SP), da construção civil (CE), radialistas (BA), jornalistas (PR e CE), vigilantes (PR), eletricitários (MG, BA e RN), metalúrgicos (MG), rodoviários, costureiras e rurais (RN), trabalhadores no comércio de derivados de petróleo (DF), processamento de dados (CE) e comerciários (SP e BA). Os servidores da saúde e os professores (RN) e servidores municipais (PR) também iniciaram a campanha de negociação.

Os jornalistas empregados em rádios e TVs do Ceará pleiteiam ganho real de 2%, conforme última proposta lançada na mesa de negociação pela entidade patronal. Até o momento, as negocações estão paradas, à espera de nova contraproposta das empresas, incluindo uma clásula de gratificação de 5% para os profissionais com cursos de 180h/a. "Esta cláusula havia sido aceita pelos patrões na negociação anterior, inclusive constando em ata, mas o preposto das emissoras retirou a cláusula a mando das empresas", lembra o diretor de Ação Sindical, Mirton Peixoto

Fonte: Sindjorce