Ativista negro critica esquecimento do dia 13 de Maio
O dia 13 de Maio, Dia da Libertação dos Escravos no Brasil, que já foi feriado nacional, nos últimos anos, tem sofrido com o silêncio da grande mídia sobre o assunto. Por isso, o presidente da ONG Negro em Movimento, da Bahia, jornalista Nilton Nascimento, considerou muito importante a sessão solene realizada na manhã desta segunda-feira (28), no Congresso Nacional, em Brasília, em comemoração à data. Para ele, a sessão serve para que se divulgue a condição do negro no País.
Publicado 28/05/2012 15:03
“Decorridos 124 anos da Abolição, a República, instalada apenas um ano e meio após a abolição da escravatura, resolveu não encarar o passado tenebroso: a tragédia da escravidão e o atraso da sua abolição, com as necessárias reparações. Assim, no final do século 19 e ao longo de todo século 20, nada foi feito para transformar ex-escravos, negros livres e seus descendentes em cidadãos brasileiros de verdade”, avalia o ativista negro.
Em seu discurso, ele acusou a elite nacional de ter se alimentado da retórica da democracia racial, varrendo para baixo do tapete da casa-grande os números da velha senzala. “Isso é tanto verdade, que até 1976, os entrevistados do IBGE simplesmente não tinham cor. Até 1980 o Censo, pago por todos os contribuintes, não considerava os negros”.
A sessão solene em homenagem aos 124 anos da abolição da escravatura foi solicitada pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e o deputado Domingos Dutra (PT-MA). O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado (CDH), foi um dos oradores. Para ele, diferentes padrões de tratamento e atendimento em setores como saúde, educação, mercado de trabalho e segurança pública mostram que “temos uma abolição da escravatura ainda não concluída”.
Processo incompleto
Cristovam Buarque também disse que o 13 de maio não é o dia em que a abolição foi feita, porque a abolição foi um processo incompleto. E destacou a importância das políticas afirmativas para tentar completar esse processo, principalmente a políticas de cotas nas universidades, para libertar os negros da falta de conhecimento e formação. E falou sobre os heróis negros que enfrentaram toda a luta pela libertação bem antes do dia 13 de maio.
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) aproveitou a fala do colega senador e lembrou que Alagoas, que teve verdadeiramente no Quilombo dos Palmares, na luta do Zumbi dos Palmares, foi o maior foco de resistência ao escravagismo no Brasil. “Os quilombos foram mesmo a forma que cativos fugidos encontraram para se juntar, fazer seu cultivo, viver sua cultura e se defender dos ataques dos rastreadores”.
E defendeu, como parte do processo de libertação dos escravos no Brasil, a ampliação dos recursos orçamentários e financeiros para os programas direcionados aos quilombolas e às políticas de inclusão social para a população negra brasileira no Brasil.
De Brasília
Márcia Xavier