Rússia acusa Ocidente e oposição síria de minar plano de paz

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou, nesta terça (29), potências estrangeiras ocidentais e a oposição da Síria de obstruir o cumprimento do plano de paz do enviado especial das Nações Unidas, Kofi Annan.

"Nos preocupa que alguns países comecem a utilizar estes fatos (atentados terroristas na Síria) como desculpa para apresentar exigências sobre a necessidade de medidas militares", disse Lavrov nesta terça-feira (29), citado por agências de notícias russas.

Lavrov denunciou que esses países "tentam exercer pressão sobre o Conselho de Segurança da ONU e, a julgar pelo que vimos até aqui, o plano de Annan os incomoda".

O chefe da diplomacia russa assegurou que as potências que respaldam a oposição síria se comportam "como se o Conselho de Segurança não tivesse ordenado a investigação" pelo massacre ocorrido na localidade árabe de Houla, localizada próxima a Homs, principal reduto rebelde.

Lavrov mencionou o problema dos refugiados como outra desculpa que pode ser utilizada pelas potências estrangeiras para exigir que o Conselho de Segurança da ONU aprove as operações militares no país árabe.

Em relação a essa questão, cifrou em 150 mil o número de refugiados que abandonaram Síria desde a explosão do conflito há mais de um ano.

"Por que então calam que na mesma Síria se encontram quase um milhão de refugiados do Iraque e cerca de meio milhão de palestinos? Esses números são incomparáveis com o que ocorreu como resultado do êxodo de uma parte da população síria", assinalou.

Além disso, criticou também a declaração de um dos líderes do grupo opositor CNS (Conselho Nacional Sírio), Burhan Galion, que pediu aos rebeldes que prossigam a luta armada contra o governo de Bashar al Assad.

Na opinião de Lavrov, a postura da oposição síria "é uma direta instigação à guerra civil e saiu da boca de um dos dirigentes do CNS, com o apoio de alguns países da região que querem aglutinar toda oposição síria".

O ministro russo afirmou que isto vai contra os pontos do plano de Annan, para o qual se necessita uma plataforma opositora para o diálogo, não uma plataforma para a guerra civil.

Lavrov advertiu que o conflito sírio já afeta outros países do Oriente Médio, como o Líbano, e, por isso, solicitou que as potências mostrem "máxima responsabilidade e não botem lenha na fogueira, mas, ao contrário, tentem apagá-la".

O chefe da diplomacia russa antecipou que falará nesta tarde por telefone com Annan para conhecer os resultados de sua visita a Damasco, onde reúne-se hoje com Assad.

Com Efe