Na Síria, Annan pede "passos efetivos" para acabar com crise

O mediador internacional para a Síria, Kofi Annan, pediu nesta segunda-feira (28) ao presidente Bashar al Assad que adote "passos efetivos" para demonstrar sua intenção de "resolver a crise síria pacificamente", no início de sua segunda visita ao país.

Annan, enviado especial da ONU e da Liga Árabe, pediu a todas as partes envolvidas no conflito "que ajudem a criar um contexto correto para um processo político crível".

"Esta mensagem de paz não é só para o governo, mas também para qualquer um que tenha uma arma", ressaltou Annan, em declarações à imprensa em Damasco.

A visita do mediador, que tem como objetivo salvar seu plano de paz, que estipula um cessar-fogo que não foi respeitado, ocorre três dias após o massacre cometido na região central de Al Houla, onde mais de 100 pessoas morreram.

Ele lembrou que o Conselho de Segurança da ONU solicitou a investigação do ocorrido. A oposição síria acusou as tropas do governo de Assad de cometer o massacre, mas as autoridades rejeitaram qualquer envolvimento e culpou grupos armados.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Jihad Makdesi, chamou a atenção sobre a "suspeita sincronização dos ataques contra a população civil com a chegada de Annan".

É um golpe contra o processo político, sustentou, depois de sublinhar que "a metodologia de assassinatos brutais não faz parte das éticas do exército sírio e quem está matando não é o exército sírio regular, mas grupos terroristas armados".

Makdesi questionou "a ligeireza com que se acusa as forças do governo" pelo massacre perpetrado na sexta-feira em Houla, no centro do país. Esclareceu que o sucedido não favorece os interesses do Estado sírio. "Não podemos negociar com o sangue de nossos filhos, da mesma forma que não pode ser justificado o uso de armas contra o prestígio do Estado por mais desculpas políticas que tenham", disse.

O porta-voz do governo sírio destacou que desde que seu país acolheu o plano da ONU aumentaram as ações dos grupos terroristas, porque, indicou, não desejam que este programa tenha sucesso. "Não deixaremos que os grupos terroristas se beneficiem desta situação de crise por mais que se estendam os confrontos", advertiu em aparente referência às reivindicações da população para que o governo responda com mão de ferro aos ataques dos bandos armados.

Para Kofi Annan, que se recusou a responder às perguntas dos jornalistas, seu plano de seis pontos para dar uma saída à crise deve ser aplicado de maneira global, mas, em sua opinião, "isto não está ocorrendo".

"É o povo sírio, os cidadãos comuns deste grande país que estão pagando o maior preço neste conflito", lamentou Annan, que disse que seu objetivo é interromper este sofrimento. O enviado pretendia se reunir ainda nesta segunda-feira com o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Muallem, e nesta terça-feira com o presidente Assad, com quem disse que deseja manter "conversas sérias e francas".

Annan já havia se reunido com o líder sírio, assim como com um grupo da oposição, no dia 10 de março, em sua primeira visita a Damasco para apresentar seu plano de paz.

Esta iniciativa estipula, entre outros pontos, um cessar-fogo, a retirada das tropas das cidades, a libertação dos presos políticos, a entrada de ajuda humanitária e o início de um diálogo entre as autoridades e a oposição.

Há atualmente quase 300 observadores da ONU mobilizados no país para verificar o andamento do plano. O mandato da Missão de Supervisão na Síria (UNSMIS) é de 90 dias e expira em julho.

Com agências