Bolivianos lamentam morte de revolucionário Antonio Peredo

O velório do destacado revolucionário, jornalista e intelectual boliviano Antonio Peredo, irmão de "Inti" e "Coco" Peredo, membros da guerrilha latino-americana do comandante Ernesto Che Guevara, culminarão nesta segunda-feira (4) em La Paz.

Falecido no sábado nesta capital vítima de uma infeção pulmonar aos 76 anos, o veterano lutador pela revolução social sempre despertou o interesse de velhas e novas gerações de bolivianos, que o consideravam um guia para compreender o cenário político boliviano e da América Latina.

O analista político Hugo Moldiz ressaltou como característica principal de Peredo sua condição de revolucionário, que se expressou múltiplas vezes desde o trabalho e a militância clandestina, na época do Exército de Libertação Nacional, até converter sua pluma em instrumento de luta a favor dos povos do mundo.

"Foi um revolucionário que lutou não para administrar o regime vigente, que é o que fazem os políticos nesta parte do mundo, senão mais bem para transformar com todos os métodos possíveis de acordo à realidade concreta", expressou Moldiz à Prensa Latina durante as honras fúnebres na sede do Legislativo em La Paz.

Não se poderá escrever a história de Bolívia nos últimos 50 anos sem fazer referência a suas propostas, reflexões e contribuições, que estiveram no marco da prática revolucionária de nossos povos, sublinhou.

Da mesma forma expressou-se Jerges Mercado, diretor da Agência para o Desenvolvimento das Macrorregiones e Zonas Fronteiriças da Bolívia, que apontou que a família Peredo deixou uma impressão em todos os revolucionários de Bolívia e da América Latina.

"Se alguém se acercou em Bolívia ao pensamento de Ernesto Che Guevara sobre o homem novo, esse é Antonio Peredo", apontou.

Às novas gerações corresponde agora seguir seu exemplo de luta, integridade, honestidade e profundo compromisso com os mais humildes e o processo de mudança, que reflete o mais revolucionário da Bolívia nestes momentos, sublinhou Mercado.

Desde adolescente Antonio Peredo acolheu as ideias da revolução e converteu-se em militante comunista, membro do Exército de Libertação Nacional, do Partido Revolucionário dos Trabalhadores de Bolívia e o Movimento Ao Socialismo.

Amigo de Cuba, defensor da revolução nicaraguense e do processo de mudanças na Bolívia, foi deputado (2002-2005) e depois senador (2006-2009). Comprometido na luta contra as ditaduras militares, suportou o exílio várias vezes.

Em seu trabalho jornalístico, seguiu o legado do sacerdote jesuíta Luis Espinal, com quem fundou o jornal do povo "Aqui". Simultaneamente ao jornalismo alternativo viveu períodos clandestino, de resistência e o período democrático, quando foi candidato à vice-presidência junto a Evo Morales em 2002.

Fonte: Prensa Latina