Campanha Salarial: Jornalistas cearenses aprovam reajuste

Com 97 votos a favor (63,40%), 41 contra (26,80%), 11 não sabem (7,19%) e 4 em branco (2,61%), os jornalistas empregados nas emissoras de rádio e televisão no Estado do Ceará aceitaram o reajuste linear de 8,20% para pisos e demais salários, o que significa um ganho real de 2% acima da inflação. A decisão da categoria foi homologada em assembleia realizada na última segunda-feira (11/06), na sede do Sindjorce.

Apesar de aprovada pelos jornalistas, a proposta patronal gerou insatisfação na categoria, tendo em vista os patrões terem aceito, e depois voltado atrás, a reivindicação de 5% de gratificação para profissionais com cursos de capacitação com carga horária de 180 horas/aula.

Protestos contra intransigência

Depois de muita argumentação da comissão de negociação do Sindjorce, os patrões aceiteram a inclusão da nova cláusula com o conteúdo alterado. “As partes acordam o compromisso de discutir a inclusão de cláusulas objetivas nesse sentido (gratificação por qualificação) na próxima Convenção Coletiva de Trabalho”, diz o texto da cláusula.

“A discussão de qualificação profissional deveria ser mais clara. Da maneira como se põe, as deliberações ficam muito vagas”, escreveu um jornalista no espaço reservado a comentários na cédula de votação.

“Acho extremamente necessária a inclusão da Cláusula da Gratificação em 2013”, escreveu um outro jornalista na cédula. Para a categoria, a credibilidade do sindicato patronal, presidido pelo jornalista Edilmar Norões, sai arranhada desta negociação.

“Um preposto patronal assinar uma ata no Ministério do Trabalho aceitando o texto de uma cláusula nova e na reunião seguinte retirá-la argumentando questões financeiras depõe contra a imagem de todas as rádios e televisões do Estado”, avalia Samira de Castro. “É impossível negociar com quem não cumpre acordo”, completou.

Os jornalistas das TVs e rádios públicas – TV Ceará, Câmara Municipal e Assembleia Legislativa – também criticaram a proposta de reajuste da iniciativa privada. "É insuficiente, tendo em vista as crescentes exigências, próprias do orçamento familiar", escreveu um. "Parece que a cada dia a nossa profissão é mais desvalorizada. Os patrões sempre sem pensar nos trabalhadores", protestou outro. "Queremos mais", resumiu um terceiro.

Para alguns profissionais, a inflação e o ganho real não deveriam ser os únicos parâmetros de correção salarial dos jornalistas. A referência deveria ser, principalmente, o lucro com anúncios vendidos pelas empresas. "Os contratos de publicidade não são estabelecidos com base na inflação. É feito com base no alcance do veículo de comunicação e outros fatores alheios à inflação", observou um jornalista.

Piso de R$ 1.775,61

Com a decisão da assembleia de hoje, o piso salarial dos jornalistas de mídia eletrônica sobe dos atuais R$ 1.641,05 para R$ 1.775,61, o que significa um aumento salarial de R$ 134,56, para quem trabalha cinco horas diárias, retroativo a 1º de janeiro de 2012.

“São cinco meses de reajuste acumulado, o que significa um passivo de R$ 672,80 para quem ganha o piso”, detalha a presidente em exercício do Sindjorce, Samira de Castro, acrescentando que, se o acordo for aprovado, o Dieese fará os cálculos do reajuste salarial dos jornalistas com contratos de trabalho de seis e sete horas.

Fonte: Sindjorce