ONU não determina natureza do conflito na Síria

O porta-voz oficial das Nações Unidas, Martin Nesirky, esclareceu nesta quarta-feira (13) que não corresponde a ele nem à ONU determinar ou caracterizar formalmente a natureza do conflito na Síria.

A afirmação foi feita após insistentes perguntas dos correspondentes na sede do organismo mundial em Nova York, depois que o vice-secretário-geral, Hervé Ladsous, declarar na terça que a Síria "vive uma guerra civil".

O porta-voz insistiu em dizer que não cabe ao secretariado da ONU determinar a natureza da crise no país árabe, embora tenha reiterado que existe uma coincidência sobre a perigosa intensificação da violência em toda a Síria nos últimos dias.

Nesirky disse que o titular da ONU, Ban Ki-moon, seu enviado especial para a Síria, Kofi Annan e o próprio Ladsous, que dirige o departamento das chamadas "operações de manutenção da paz", falaram sobre esse recrudescimento da situação.

Mesmo assim, fez referência ao papel da Cruz Vermelha Internacional na avaliação e determinação do caráter dos conflitos de acordo com a Convenção de Genebra.

Em suas manifestações de terça, Ladsous indicou que se pode falar da existência de uma guerra civil na Síria, já que há um aumento maciço do nível de violência que implica em uma mudança na natureza da crise.

Ladsous também opinou que o governo sírio perdeu amplas porções do território e que algumas cidades estão controladas agora pelas "forças da oposição" e que deseja recuperá-las.

Poucas horas depois a chancelaria síria rechaçou as expressões do chefe dos capacetes azuis da ONU e pediu mais objetividade à Organização Mundial.

A Síria pediu que os funcionários das Nações Unidas, em particular Ladsous, tratem com objetividade, imparcialidade e precisão os acontecimentos, sobretudo após a instalação da missão de supervisão da ONU no país.

"Falar de uma guerra civil na Síria não reflete a realidade, pois o que acontece no país é uma guerra contra grupos armados que escolheram o terrorismo como caminho para conquistar suas metas", diz o comunicado oficial da chancelaria de Damasco.

"A Síria não vive uma guerra civil, mas sim uma luta para erradicar o flagelo do terrorismo e por fim aos assassinatos, sequestros, atentados, assaltos e atos de sabotagem contra as instituições do Estado e as empresas públicas e privadas", destacou a chancelaria.

França insiste em mais sanções

Em Paris, o ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, defendeu um "reforço das sanções" contra a Síria e disse que apoia os grupos de oposição que agem contra o governo sírio.

Segundo ele, a França vai pedir a seus "sócios" europeus e aos Estados Unidos que ampliem o congelamento de bens e a proibição de vistos e outras medidas, não só a altos funcionários do governo do presidente Bashar al-Assad, mas também a uma lista de responsáveis do segundo escalão do governo.

Um total de 41 empresas e 126 cidadãos do país árabe foram atingidos pelas sanções unilaterais impostas contra a Síria pela União Europeia nos últimos meses.

O bloco comunitário também decidiu impor um bloqueio petrolífero contra o país, que provocou danos à população síria, sobretudo na aquisição de gás liquefeito para aquecimento dos lares.

"Vamos pedir a nossos sócios europeus e dos Estados Unidos que endureçam as sanções contra o regime", disse Fabius.

O chanceler insistiu em sua retórica de que Al-Assad deve abandonar o poder e pediu que se encontrem os meios para que a "oposição, as oposições, possam chegam a uma alternativa controlada".

Segundo o chanceler, começaram a enviar convites a mais de 140 países para participar em uma reunião dos chamados "amigos" do povo sírio e considerou que esse país vive em uma "guerra civil".

Turquia é cúmplice de mercenários

No Reino Unido, o jornal britânico The Independent denunciou nesta quarta a cumplicidade das autoridades turcas com Estados árabes para armar os bandos que estão agindo na desestabilização da Síria.

A denúncia do periódico foi destacada em Damasco pela agência de notícias síria SANA e emissoras de televisão locais, que citaram declarações de um diplomata ocidental em Ancara, capital da Turquia, sobre essa situação.

Com apoio da inteligência turca, a Arábia Saudita e o Catar facilitam as armas para o chamado "Exército Livre Sírio", de acordo com o jornal britânico.

Os grupos dessa força mercenária receberam há três semanas diversos lotes de armas, incluindo rifles de assalto Kaláchnikov, metralhadoras BKC, granadas propulsada por foguete e armas anti-tanque dos países do Golfo, e a Turquia estava ajudando na passagem das armas, assinalou um diplomata que pediu anonimato ao jornal.

Um membro dos grupos de mercenários declarou na mesma notícia que os armamentos chegaram a um porto da Turquia e, em seguida, foram conduzidos à fronteira síria sem a interferência das autoridades.

Do Portal Vermelho, com informações da Prensa Latina