Vereadores rejeitam pedido para prefeito de Curitiba se explicar 

 Oposição pedia que Ducci fosse ao Legislativo prestar esclarecimentos sobre suspeitas de contratação irregular de um funcionário e sobre a própria evolução patrimonial

 O requerimento que convidava o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), a comparecer à Câmara Municipal para explicar as denúncias feitas pela revista Veja contra ele foi rejeitado na sessão plenária desta terça-feira (19). Parte dos vereadores da situação votou contra o pedido.

A Veja afirmou que o patrimônio de Ducci saltou de pouco mais de R$ 1 milhão, em 2008, para mais de R$ 30 milhões, em 2012. Entre os bens listados pela revista estão um apartamento de R$ 5 milhões no bairro Batel, duas fazendas em Mato Grosso e mais de cem cabeças de gado. A reportagem diz, também, que um suposto capataz de uma das fazendas, Cícero Paulino, trabalhou na prefeitura de Curitiba e ganhou R$ 6 mil, mesmo morando em outro estado. Ducci nega as denúncias.
De acordo com o vereador líder da oposição, Jonny Stica (PT), diante da recusa, o próximo passo da oposição será protocolar dois pedidos de informação com base na Lei de Acesso à Informação. Segundo a lei, qualquer cidadão pode requerer dados dos órgãos públicos. Um pedido será protocolado na Prefeitura e outro na Câmara Municipal, que também deverá ser votado em plenário.

A oposição quer que Ducci apresente a documentação para comprovar que o capataz realmente trabalhou na prefeitura e quer informações sobre as atividades prestadas pelo funcionário. “Queríamos ouvir o prefeito Luciano Ducci, mas não foi possível. Agora vamos nos concentrar em obter a documentação necessária para fiscalizar o caso”, afirmou Stica.

Votos

Segundo o petista, os vereadores que votaram a favor do requerimento foram Aladim (PV), Algaci Túlio (PMDB), Caíque Ferrante (PRP), Jonny Stica (PT), Noemia Rocha (PMDB), Pedro Paulo (PT), Professora Josete (PT), Tito Zeglin (PDT). O vereador Professor Galdino (PSDB) – da situação – também votou pelo convite ao prefeito. Paulo Salamuni (PV) assinou o requerimento, mas não compareceu à sessão desta terça-feira porque estava em um evento representando a Câmara.

O vereador Serginho do Posto (PSDB), líder do prefeito na Câmara Municipal, afirmou que o prefeito já entregou a documentação necessária ao MP-PR e considerou que a reportagem da revista Veja foi equivocada. Segundo ele, a revista não apresentou provas das denúncias feitas contra Ducci.

O tucano disse ainda que as declarações de imposto de renda de Ducci foram entregues à Câmara quando ele tomou posse como vice-prefeito e, depois, como prefeito.

O líder considerou que a oposição tenta desgastar a imagem de Ducci pensando nas eleições de outubro. “O prefeito não responde a nenhum processo. Não há provas contra ele. Não havia motivos para o convite”, afirmou Serginho do Posto.

Outro lado

Ducci – que entregou ao Ministério Público (MP), na segunda-feira (18), cópias de declarações de imposto de renda dele, dos familiares e de contratos sociais da empresa Roda Viva, da qual é sócio – classificou as acusações como “baixas e rasteiras”, de “caráter eleitoreiro”, e atribuiu o repasse dessas informações a “aloprados”. “O dossiê que saiu na revista Veja é falso, mentiroso, calunioso e denigre a imagem da família. Atacar a família é uma coisa baixa e sórdida”, disse. O prefeito não chegou a falar em nomes, mas atribuiu o dossiê a “seus adversários políticos”.

De acordo com Ducci, esse patrimônio não foi acumulado em apenas quatro anos; eles já pertenciam à família Dal Prá, de sua mulher, Marry Ducci. “Não há nada a ser escondido. São bens adquiridos ao longo de toda uma vida por uma família, que tem tradição no ramo do agronegócio, da pecuária”, disse. Ele ressalta que uma das propriedades citadas pela revista foi adquirida nos anos 60.

Sobre o capataz que teria trabalhado na prefeitura de Curitiba, Ducci disse se tratar de uma informação equivocada. De acordo com ele, Paulino é contador e prestou serviços inicialmente para sua empresa e, depois, foi para a prefeitura de Curitiba. “Não conheço nenhum capataz que tenha MBA em administração pública”, ironizou. Ainda segundo Ducci, ele realizava uma “atividade de recepção de pessoas e atendimento individualizado” no seu gabinete, quando era vice-prefeito.

O advogado de Ducci, Alcides Munhoz da Cunha, diz que ainda está avaliando o que deve ser feito em relação a esse caso. Ele estuda pedir direito de resposta, mas descarta pedir indenização.

MP

Segundo o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção ao Patrimônio Público (Caop), Arion Rolim Pereira, não havia antes das denúncias qualquer investigação contra o prefeito por parte do MP. “Não havia nenhum procedimento instaurado no MP em relação a esses fatos”, disse. A matéria da revista Veja diz que o enriquecimento de Ducci teria chamado a atenção do órgão e que um inquérito seria instalado na próxima semana. Rolim negou, também, que a revista tenha entrado em contato com o órgão.

O procurador disse que o material encaminhado será analisado por outro procurador do Caop e que uma avaliação deverá ser feita em até 30 dias. Ele disse que o procedimento deve correr sigilosamente.

fonte: Gazeta do Povo