Drogas são flagelos nas escolas do DF

Mais de 65% dos alunos das redes pública e particular admitiram, em pesquisa do Ministério da Justiça, que experimentaram bebida pelo menos uma vez. Segundo especialistas, assim como o tabaco, ela surge como entrada para drogas ilícitas.

O consumo de álcool se mostra cada vez mais frequente entre os estudantes dos ensinos fundamental e médio das redes pública e particular do Distrito Federal. O último levantamento realizado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), do Ministério da Justiça, revelou que um em cada dois entrevistados (65,1%) disse ter consumido bebidas alcoólicas pelo menos uma vez na vida e 21,2%, nos últimos 30 dias. Dos que assumiram ingeri-las, 16,6% tinham entre 10 e 12 anos. O uso de tabaco também ficou constatado em 8,5% dos alunos ouvidos, sendo que a maioria —14,4% — conheceu o cigarro entre 16 e 18 anos. O consumo, porém , caiu entre 2004 e 2010. Para a pesquisa, feita em 2010, 2.425 jovens foram ouvidos.
Doença
Para o toxicologista e perito criminal Olegário Augusto Versiani, o início precoce do consumo de álcool pode ser uma das portas de entrada para drogas ilícitas. “Os meninos de 10 anos estão bebendo e misturando com outras drogas, como o ecstasy. Isso mostra que bebida alcoólica era para ser vendida só para adulto, mas as pessoas acham normal ver um adolescente bebendo”, destacou.
Versiani ainda criticou o sistema de combate a drogas. “As políticas públicas de hoje não são diferentes das de antigamente. A diferença é que deixaram de focar na maconha para focar no crack. Os governos estão investindo pouco em palestras, nos dependentes, na escola e na família”, alertou.
O consumo de drogas, de cigarro e de álcool entre adolescentes, segundo Versiani, é uma maneira de eles se mostrarem diferentes perante a sociedade. “Isso é uma característica da personalidade dos jovens, mas eles não se dão conta do mal que o álcool faz. Ele degenera e faz com que a pessoa tenha depressão ou algum outro transtorno mais cedo, sem contar que tem mais chances de se envolver em acidentes de trânsito e na criminalidade”, avaliou.