Morte de Colombiano e Catarina é lembrada por sindicalistas

O silêncio característico do bairro do Corredor da Vitória, no centro de Salvador, foi interrompido na manhã dessa sexta-feira (29/6). Com faixas e carro de som, representantes de entidades do movimento sindical protestaram em frente à Mansão Victory Tower, onde moram os acusados de terem mandado matar o casal de sindicalistas Paulo Colombiano e Catarina Galindo.

O protesto foi organizado pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB-BA) e lembra os dois anos do assassinato, ocorrido em 2010. Além disso, os manifestantes pediam a volta dos mandantes do crime, os irmãos Claudomino César e Cássio Antônio Ferreira Santana, para a cadeia. Eles foram presos em maio desse ano, mas recorreram da decisão judicial e estão soltos.

“A CTB está aqui para levantar a bandeira da justiça e contra a impunidade. É inaceitável que 20 dias após a prisão eles já tenham sido soltos”, afirmou Adilson Araújo, presidente da CTB-BA. Segundo ele, é preciso, também, que se busque a confiscação dos bens dos irmãos, que, além da mansão em um bairro nobre, possuem uma empresa de plano de saúde e uma rede de supermercados da cidade.

Colombiano era diretor financeiro do Sindicato dos Rodoviários e investigava irregularidades no contrato com a Mastermed Plano de Saúde, de propriedade de Claudomiro e Cássio. As vítimas foram assassinas a tiros quando voltam para casa, de carro, no bairro de Brotas. A execução teria sido articulada por três funcionários dos irmãos, que também foram presos e ainda continuam detidos.

Passados os dois anos, o Sindicato dos Rodoviários ainda mantém o contrato com a Mastermed, o que gera indignação dos rodoviários. De acordo com o diretor de Saúde e Segurança da entidade, Artur Tito, a quebra do contrato ainda não se deu por conta da multa rescisória milionária que, segundo ele, terá que ser paga. “Sabemos da insatisfação da categoria e estamos pensando na melhor forma de resolver isso”, explica.

Familiares e amigos das vítimas também estiveram presentes no ato. O irmão de Catarina, Geraldo Galindo, não conteve a emoção e teve de ser amparado. O filho de Colombiano, Tiago Colombiano, de 22 anos, fez questão de não só comparecer, mas também se pronunciar publicamente sobre o andamento do caso. “A família não esquece, mas a sociedade tem memória curta. É preciso lembrar para que essa nossa justiça seja denunciada porque eles só foram soltos por terem dinheiro”, desabafa.

O movimento contou, ainda, com a queima de dois bonecos que representavam os dois acusados e foram queimados na frente do prédio.

De Salvador,
Erikson Walla