Senado dará mais um passo rumo à cassação de Demóstenes

Nesta quarta-feira (4) a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do senado dá o penúltimo passo no sentido da cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (Ex-DEM-GO). Depois da aprovação unânime do pedido de perda de mandato de Demóstenes por quebra de decoro pelo Conselho de Ética na semana passada, agora será a vez da CCJ analisar a constitucionalidade e a legalidade do processo.

Na semana passada, o senador Pedro Taques (PDT-MT), indicado relator do caso na Comissão, apresentou seu parecer no sentido de que todo o processo foi legal e que Demóstenes teve direito à ampla defesa. Demóstenes é acusado de usar o mandato para favorecer a organização criminosa do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Pelo calendário programado, a intenção dos senadores é votar o processo de cassação de Demóstenes em plenário no dia 11 de julho. Ao contrário do que aconteceu no Conselho de Ética e acontecerá na CCJ, no plenário a votação do destino do senador goiano será secreta. Demóstenes será cassado se assim entender a maioria absoluta dos senadores na votação.

Enquanto desenrola-se o caso de Demóstenes, a CPI do Cachoeira prossegue na investigação do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Esta semana, serão ouvidas outras pessoas ligadas ao governo de Goiás, do governador Marconi Perillo.

Ligações em Goiás

Nesta terça-feira (3), deporá o ex-presidente do Detran de Goiás, Edivaldo Cardoso. De acordo com a Polícia Federal, ele era um dos intermediários do bicheiro com Marconi e fazia parte da “cota” de Cachoeira na administração estadual. Em uma conversa revelada pelo Congresso em Foco, Marconi telefona para Cachoeira, reclama não ter sido convidado para o aniversário do bicheiro e marca com ele um jantar. Nessa conversa, ele menciona Edivaldo.

Durante o depoimento de Marconi à CPI, o relator Odair Cunha (PT-SP) apresentou uma denúncia protocolada em 2011 que alertava o governador sobre a relação entre Edivaldo e Cachoeira, e que isso poderia lhe causar problemas.

A CPI ainda vai ouvir Rosely Pantoja, dona da Alberto & Pantoja, uma das empresas fantasmas ligadas ao esquema de Cachoeira, usada para receber recursos da construtora Delta. Segundo a Polícia Federal, os recursos depositados nas contas das empresas fantasmas, como a Alberto & Pantoja, teriam abastecido campanhas eleitorais, inclusive a de Marconi Perillo.

Há a possibilidade de haver ainda o depoimento de outra pessoa envolvida com a criação das empresas fantasmas do esquema Cachoeira: o contador Rubmaier Ferreira de Carvalho. Rubmaier está envolvido com a criação de pelo menos duas empresas de fachada do esquema.

Ele admite participação na criação da Brava Construções, mas, como revelou na semana passada o Congresso em Foco, a CPI tem informações de seu envolvimento na criação também de outra empresa, a Adércio & Rafael Construções. O jornalista Luís Carlos Bordoni afirma ter recebido dinheiro em troca de um trabalho na campanha de Marconi Perillo a partir da Alberto & Pantoja e da Adércio & Rafael.

A CPI também ouvirá o policial aposentado Joaquim Gomes Thomé. Segundo a PF, Cachoeira contratou Thomé para realizar serviços de interceptação ilegal de e-mails. Suspeita-se que políticos e jornalistas eram as vítimas dos grampos feitos por Thomé.

Fonte: Congresso em Foco