Foro de São Paulo: Apoio à resistência ao golpe do Paraguai
O Grupo de Trabalho que coordena o 18º Encontro do Foro de São Paulo iniciou nesta terça-feira (3) a construção de consensos para a Assembleia do Foro prevista para o dia 6 de julho.
Por Julieta Palmeira*, exclusivo para o Vermelho, de Caracas
Publicado 04/07/2012 17:22
A reunião já aponta uma das perspectivas da resolução final do encontro: o apoio à resistência ao golpe de estado no Paraguai. O encontro acontece em Caracas, Venezuela, nos dias 4 a 6 de julho e participam representantes de partidos políticos de esquerda da América Latina e do Caribe. O lema "Os povos do mundo contra o neoliberalismo e pela paz " revela os objetivos da versão 2012 do evento.
Tudo indica que solidariedade à resistência das forças democráticas ao golpe de estado ocorrido no Paraguai, que destituiu o governo democrático constitucional do presidente Lugo, será um dos marcos do encontro. O secretário de Relações Internacionais do Partido Tekojoja do Paraguai, José Carlos Lezcano, informou as ações da frente de resistência democrática e dos movimentos sociais diante da ruptura no processo democrático daquele país.
De acordo com Lezcano, o golpe foi fomentado pelas forças vinculadas ao latifúndio e ao imperialismo. Chega a sinalizar de que a reforma agrária seria uma ação fundamental do governo Lugo para evitar os conflitos no campo que terminaram sendo utilizados para desencadear o golpe da direita.
Presente à reunião do GT, o secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Ricardo Alemão Abreu declarou que o golpe de estado no Paraguai tem repercussões regionais. "O avanço das forças democráticas na América Latina e o movimento de integração regional desencadeado pelas forcas democráticas e progressistas sofre ataques dos conservadores e aliados do imperialismo na região. Devemos prestar solidariedade e apoio à resistência e pelo restabelecimento do mandato do presidente Lugo", declarou . Ao destacar os avanços da articulação das forças progressistas na América Latina e Caribe, Ricardo Alemão chama a atenção para o fato de que as forças conservadoras após tentativa de golpe em Honduras agora se voltam para a América do Sul .
A necessidade de um apoio mais efetivo às forças progressistas e aos governos democráticos na América Latina e Caribe foi defendida pelo representante do Partido dos Trabalhadores (PT), Valter Pomar, que também é o atual secretário executivo do Foro de São Paulo. Pomar,que dirigiu a reunião, chegou a ser enfático na defesa de apoio dos partidos para evitar um retrocesso da democracia nos países que integram o Fórum de São Paulo. "O processo eleitoral no México e o golpe do Paraguai", são exemplos de que necessitamos estar alertas ", declarou
A solidariedade à revolução bolivariana, a difusão das conquistas do governo Chávez e a designação de representantes para acompanhar as eleições na Venezuela são ações que com certeza serão aprovadas. Quanto à Cuba, a exigência do fim do embargo dos EUA e a libertação dos cinco heróis cubanos são posições que devem também se repetir nesse 18º Encontro do Foro de São Paulo que se consolida como ambiente convergente das forças progressistas e anti-imperialistas.
Haiti
No GT na terça (3) e na reunião da Secretaria Regional dos países da Mesoamérica e Caribe que ocorreu na manhã desta quarta- feira (4), o coordenador geral da Organização do Povo em Luta ( OPL), do Haiti, Sauveur Pierre Etiene, defendeu que a Assembléia do Foro de São Paulo aprove uma declaração sobre a situação no Haiti . Entre os itens propostos estão o apoio aos partidos de esquerda e de centro esquerda: na luta pelo resgate da dignidade e soberania do pais; na condenação da presença de ongs e de instituições governamentais estrangeiras; na denúncia da tentativa de explorar os recursos naturais do pais, em detrimento dos interesses do país; na defesa da retirada das forças da ONU.
As conquistas de democráticas nos países da América Latina e do Caribe, nos últimos tempos, são um alento à luta dos povos pelo desenvolvimento e pela democracia. O Foro de São Paulo e os partidos que o constitui atuam num momento de avanço que previsivelmente gera reações das forças conservadoras e que necessitam serem combatidas. Esse é um desafio que a articulação dos partidos, criada em 1990, tem pela frente.
*É integrante do Comitê Central do PCdoB, em viagem a Caracas.