Mujica culpa setores do Partido Colorado por queda de Lugo

O presidente uruguaio José Mujica responsabilizou setores do Partido Colorado pelo massacre de camponeses que ocorreu no dia 15 de junho na zona rural de Curuguaty. O evento foi utilizado pela oposição paraguaia como motivo para o processo de impeachment do então presidente Fernando Lugo. Mujica ainda citou nominalmente o ex-senador e ex-presidente do partido Blas Riquelme, dono das terras onde ocorreram as 17 mortes.

“O governo que foi destituído recentemente […] vinha enfrentando essa realidade [de ocupações de terras] com uma atitude negociadora. Em cada ocupação, quando a Justiça mandava desalojar, enviavam uma vanguarda da polícia que ia dialogar sem armas e que oferecia transporte e a realocação [dos camponeses] em alguns outros lugares que não tinham conflitos de propriedade”, afirmou o presidente do Uruguai nesta quinta-feira (05) em seu programa na rádio M24.

Segundo Mujica, na data específica do confronto, os policiais “foram recebidos a tiros por francoatiradores […] e não necessariamente por camponeses, mas sim por um grupo mais especializado”. O político ainda afirmou que esse grupo de policiais estava desarmado. Como reação, “se produziu uma repressão enérgica na qual morreram vários camponeses que não tiveram qualquer participação na violência desses fatos que foram vítimas”, declarou o presidente. O confronto acabou com 17 mortos (11 camponeses e 6 policiais) e mais de 20 feridos.

“As terras em litígio foram mal designadas a um senador, várias vezes presidente do Partido Colorado, de nome Blas Riquelme”, afirmou Mujica, que também acusou que a “manobra” teve participação “de parte do Partido Colorado”. Ainda de acordo com o político uruguaio, a atitude foi tomada com intenções eleitorais, pois o partido conservador, que governou o Paraguai por 61 anos antes da eleição de Lugo, “estava perdendo terreno nas pesquisas”.

De acordo com Mujica, esse setor instigador do Partido Colorado “está muito ligado a setores do narcotráfico e a muitos episódios dolorosos da história do Paraguai”.

Impeachment de Lugo

O confronto agrário do dia 15 de junho foi o estopim utilizado pelos partidos conservadores para iniciar o julgamento político do então presidente Fernando Lugo. O processo levou ao impeachment do político paraguaio em um período de somente 30 horas. A defesa do presidente teve apenas duas horas para argumentar contra as acusações dos parlamentares.

No lugar de Lugo, quem assumiu a Presidência foi o seu vice-presidente, Federico Franco, do partido liberal. A sigla de Franco fazia parte da bancada governista, mas se aliou aos colorados para destituir o presidente.

Fonte: Opera Mundi