Começa no Nepal a assembleia dos partidários da Paz

A Assembleia Geral do Conselho Mundial da Paz teve início neste sábado (21) no Hotel Malla, em Katmandu, Nepal. Até o domingo, cerca de 150 delegados, de 50 países, debatem sobre planos de ação para defender a paz mundial, ameaçada pelas agressões das potências imperialistas.

A mesa da Assembleia é constituída pela brasileira Socorro Gomes, presidenta do Conselho Mundial da Paz (CMP), Pafilis Tanassis, da Grécia, secretário geral, Iraklis Tsavadaridis, também grego, secretário executivo, Rabindra Adhikar, do Conselho da Paz e Solidariedade do Nepal, Nguyen Van Huin, presidente do Conselho Vietnamita da Paz, Akel Takaz, do Movimento Palestino pela Paz e Chris Mahtlako, do Movimento Sul-africano pela Paz.

Rabindra Adhikar fez o discurso de saudação como anfitrião do evento. Para ele, “a solidariedade global e a luta dos povos têm sido cruciais para o sucesso no combate às injustiças, a autocracia e a exploração”. Ele destacou a importância do combate à pobreza e fez duras críticas à política agressiva das grandes potências exercida por meio da Otan. Ressaltando que é uma honra para o movimento pela paz do Nepal receber a Assembliea do CMP, Rabindra enfatizou o papel desta organização mundial de lutadores pela paz.

Por seu turno, Thanassis Pafilis, secretário geral do CMP, fez um balanço detalhado da atividade da organização nos quatro anos transcorridos desde a última assembleia, realizada em Caracas em abril de 2008, e uma análise dos conflitos internacionais em todas as regiões do mundo. Pafilis criticou a política intervencionista das grandes potências, o papel da Otan e a nova doutrina miltar dessa organização, aprovada na cúpula sde Lisboa, realizada em 2010 e recentemente impulsionada a partir da cúpula de Chicago.

O secretário geral do CMP faz um balanço positivo da atuação da organização nos últimos quatro anos: “O CMP se fortaleceu e esteve presente nas lutas de nossos povos por um mundo sem a dominação imperialista e as guerras, pela verdadeira paz e a justiça, onde nossos povos serão realmente soberanos e dirigentes em seus países”, disse.

O dirigente também apontou diretrizes para o período que se inicia a partir da assembleia de Katmandu: “No próximo período, temos que aumentar nossos esforços e coordenar nossos passos com o movimento operário e popular em cada país e com as organizações anti-imperialistas internacionais com as quais cooperamos nos seguintes eixos: refutação e condenação de uma possível guerra dos EUA, da Otan e da União Europeia contra a Síria e o Irã; o desenvolvimento da solidariedade internacionalista com os povos; a luta pelo fechamento de todas as bases militares estrangeiras e a luta contra as medidas antipopulares que atacam os direitos sociais e trabalhistas.

Luta pela paz, a principal tarefa

A brasileira Socorro Gomes, presidenta do Conselho Mundial da Paz, fez um amplo, vibrante e contundente informe político. Depois de saudar o povo nepalês que com suas lutas dá um inspirador exemplo aos povos e uma contribuição à paz no continente asiático e em todo o mundo, Socorro declarou que a principal tarefa do CMP é a luta pela paz, “a congregação de forças na luta pela paz e contra os planos e ações de guerra das potências imperialista”. Par ela, esta luta está relacionada “à própria sobrevivência da humanidade”.

Segundo Socorro, o mundo está vivendo “acontecimentos dramáticos”, que confirmam as posições assumidas pelo CMP. Em sua opinião, no período transcorrido desde a última assembleia, “continuam atuando objetivamente os fatores que geram instabilidade e conflitos, permanecem graves as ameaças à paz mundial, as forças imperialistas continuam urdindo planos e executando ações visando a impor sua hegemonia por meios brutais”.

Socorro fez uma análise da situação mundial, a partir da crise econômica, extraindo a conclusão de que “o mundo vive graves impasses”. Segundo a dirigente brasileira, “a crise é a base para as principais tensões políticas no plano internacional”. Para ela, “inevitavelmente, eclodem as contradições interimperialistas e crescem as ameaças de agressão e guerra contra países soberanos, no mesmo ritmo em que se desenvolve a militarização e aumentam os conflitos políticos, resultando em ameaças à paz e à segurança internacional, em meio a s significativos realinhamentos na correlação de forças mundial”.

Socorro Gomes denunciou a política belicista e militarista do imperialismo estadunidense, afirmando que a administração de Obama seguiu em essência os caminhos do seu antecessor, o mesmo curso de primazia militar dos Estados Unidos. Ela chamou a atenção para a existência de quase um milhar de bases militares espalhadas pelo mundo e para a magnitude dos gastos militares dos Estados Unidos. “A grande máquina de guerra dos Estados Unidos custa 1,5 trilhão de dólares ao ano, valor que corresponde a 43% dos gastos militares em todo o mundo”, disse.

A presidenta do CMP deteve-se em particular na situação do Oriente Médio, que em sua opinião é “tensa e explosiva”, com a intensificação das ameaças de intervenção militar das grandes potências que preparam freneticamente a guerra contra a Síria. Também o Irã, segundo ela, encontra-se sob pressão, ameaças e sanções. A dirigente reafirmou as críticas do CMP ao Estado sionista de Israel, que “continua sendo o principal sustentáculo das potências imperialistas na região e o principal freio à libertação do povo palestino”.

A líder do movimento pela paz analisou as estratégias e táticas das grandes potências na região. “Mais uma vez, as forças imperialistas pretendem justificar sua escalada, que pode levar a uma nova guerra no Oriente Médio com falsos pretextos, assim como formulam falsas teorias de relações internacionais. Agora, está em voga o conceito de ‘Direito de proteger’, ou ‘Responsabilidade de proteger’, com o que se pretende dar ares de justiça e de ação coletiva da chamada comunidade internacional a medidas que violam a Carta da ONU e o conjunto dos regulamentos, normas e convenções que conformam o Direito Internacional. Na verdade, estamos diante de mais uma ofensiva contra legítimos direitos democráticos e nacionais, a soberania e a autodeterminação das nações e povos”, asseverou.

A presidenta do CMP também reiterou as críticas da organização à Otan, que designou como o “principal instrumento agressivo das potências imperialistas”.

Ao comentar a evolução do cenário na região da América Latina e Caribe, a presidenta do CMP considerou que “a tendência principal continua sendo a do aprofundamento das conquistas democráticas e patrióticas que se sucedem às vitórias eleitorais das forças progressistas em muitos países”. Por outro lado, ela chamou a atenção para o fato de que se manifesta também de diferentes formas a reação do imperialismo e das forças retrógradas locais, como demonstra o golpe de Estado no Paraguai, ocorrido há um mês.
Socorro Gomes encerrou o seu pronunciamento indicando as principais bandeiras e ações Conselho Mundial da Paz.

“A prioridade à luta pela paz evidencia a necessidade de termos um CMP fortalecido, capaz de liderar uma ampla frente de contestação às políticas imperialistas, à guerra e às bases militares”, argumentou.

E apontou os desafios: “Diante de tão graves ameaças à humanidade, são grandes os desafios que têm diante de si os que lutam pela paz no mundo. É necessário enfrentar essas ameaças, organizar o levantamento dos povos, opor-se aos planos militaristas e belicistas das grandes potências, resistir e lutar, defender a paz, ampliar a resistência e a luta, reforçar o movimento pela paz em todo o mundo, fortalecer o Conselho Mundial da Paz e os movimentos anti-imperialistas. Devemos intensificar nossa ação militante, combativa, ampla e unitária, levar aos trabalhadores e amplas massas populares em todo o mundo a nossa plataforma comum contra as guerras imperialistas, as armas nucleares, as bases militares estrangeiras, a Otan, a ocupação de países, as ameaças, sanções e bloqueios”, acentuou.

Socorro Gomes encerrou seu pronunciamento na Assembleia do Conselho Mundial da Paz com uma reflexão e um chamamento: “Somente a luta dos povos porá fim à ordem internacional iníqua e construirá o futuro de paz. Essas lutas confirmam a necessidade de fortalecer o movimento pela paz, o CMP, em ação militante e combativa e em aliança com os trabalhadores e todas as forças anti-imperialistas. Desde Katmandu, reafirmamos aos povos do mundo a nossa convicção de que o imperialismo será derrotado”.

José Reinaldo Carvalho, de Katmandu, Nepal, especial para o Vermelho