Socorro Gomes: No Nepal, fortalecemos a luta pela paz

Nesta segunda-feira (23), a presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, concedeu uma entrevista a veículos da mídia nepalesa. A reportagem do Vermelho também estava presente. Um grande número de perguntas refletiu o interesse despertado pela Assembleia Geral do Conselho Mundial da Paz, realizada em Katmandu, Nepal, entre os dias 20 e 22.

O Nepal – Para mim foi motivo de alegria e contentamento estar neste país, onde se estende a cordilheira do Himalaia, o chamado teto do mundo. O povo nepalês é valoroso, tem enfrentado e vencido obstáculos ao seu desenvolvimento. Tem lutado abnegadamente pela soberania nacional, a democracia e a justiça social. A realização da assembleia do Conselho Mundial da Paz (CMP) no Nepal reveste-se de grande significado e é algo inspirador, para os lutadores pela paz no mundo. Aproveito a oportunidade para mais uma vez agradecer ao Conselho pela Paz e a Solidariedade do Nepal, a todos os lutadores do povo nepalês que ajudaram a concretizar o êxito da assembleia do CMP. O Conselho pela Paz e a Solidariedade do Nepal revelou alto nível político e organizativo, demonstrou ser um movimento forte e atuante.

É a segunda vez que venho ao Nepal na condição de presidenta do Conselho Mundial da Paz. Fui muito bem recebida, como todos os delegados à assembleia. Trata-se de um país encantador habitado por um povo de luta que foi capaz de derrocar a monarquia e agora desprende esforços para construir um sistema republicano democrático-popular, em busca do bem-estar para todos, uma tarefa que não é de realização fácil nem simples.

O CMP – O CMP é uma organização com mais de 60 anos de existência. Foi constituído logo após a Segunda Guerra Mundial, como resultado de um esforço militante de trabalhadores, dirigentes políticos e sociais, cientistas e artistas, sob o impacto aterrorizante dos crimes contra a humanidade cometidos pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagazaki. O CMP nasceu inspirado no sentimento antibelicista, anti-imperialista, contrário às armas nucleares e com o compromisso determinante de lutar pela paz no mundo.

A Assembleia Geral – Esta assembleia foi exitosa porque estiveram presentes organizações que lutam pela paz e a solidariedade internacional de todos os continentes. Durante três dias, cerca de 150 ativistas e lideranças de cerca de 50 países reafirmaram o compromisso do CMP com a construção de um mundo de paz e a decisão de denunciar e lutar contra os crimes do imperialismo, suas máquinas de guerra e destruição, cujo maior exemplo é a Otan, organização militar que ameaça e aterroriza os povos do mundo. Esta máquina de guerra foi condenada pela assembleia do CMP como um instrumento militar agressivo dos Estados Unidos e da União Europeia. Ao longo dos últimos anos, a Otan tem destruído países, assassinado presidentes e massacrado populações civis, sempre com o objetivo de manter o domínio sobre os povos e nações, assegurar a hegemonia imperialista, controlar os mares e oceanos, as rotas comerciais, os espaços aéreo e sideral, saquear as riquezas naturais dos países e povos. A assembleia do CMP reafirmou a nossa decisão de lutar contra a ordem agressora imperialista.

Nível político elevado A assembleia de Katmandu do CMP demonstrou também a profunda compreensão e consciência dos delegados, que vieram bem preparados, com documentos bem fundamentados, posições claras e elevado nível político, o que se traduziu em chamamentos à unidade e à luta dos povos pela paz e contra as guerras imperialistas.

Solidariedade  Um dos pontos altos da assembleia do CMP foi a reafirmação do princípio da solidariedade aos povos ameaçados e agredidos. Especialmente, manifestamos a solidariedade ao povo sírio que está sob agressão das mais fortes potências imperialistas, as quais preparam a intervenção militar. Igualmente com o povo palestino que sofre um martírio há mais de seis décadas, e o povo iraniano, ameaçado e sob sanções. Também ao povo cubano, vítima do bloqueio imperialista, a assembleia de Katmandu enviou uma mensagem de solidariedade.

As decisões Em breves dias será publicada a Declaração Final, cuja redação passa por indispensáveis ajustes, inclusive ligados à linguagem e tradução. O eixo central das nossas decisões é a luta em defesa da paz, contra as guerras imperialistas e a solidariedade aos povos agredidos, ameaçados e sob sanções. O fulcro das nossas decisões é nos colocarmos ao lado dos povos e dos trabalhadores de todo o mundo, que são as maiores vítimas das crises e das guerras. Vamos seguir aprofundando as nossas lutas. Em 21 de setembro, Dia Mundial da Paz, organizaremos uma jornada unificada de luta em todo o mundo. Vamos ampliar e fortalecer as ações e a organização do CMP em todos os continentes, em aliança com outros movimentos antibelicistas e anti-imperialistas, com sindicatos e organizações juvenis, camponesas, femininas etc., em torno de agendas comuns, levantando sempre bem alto as nossas bandeiras da luta anti-imperialista, contra as guerras de agressão e ocupação, contra as armas nucleares, contra as bases militares estrangeiras, pelo desmantelamento da Otan, pela soberania nacional e autodeterminação dos povos.

Papel da ONU A ONU é um fórum para a tomada de decisões multilaterais e globais. Infelizmente, no momento que estamos atravessando, de gravíssimas ameaças à paz, a ONU é alvo de tentativas de instrumentalização. Em alguns momentos, as grandes potências forçaram a aprovação de resoluções que levam à guerra, contrariando o próprio espírito da Carta das Nações Unidas, seu documento fundamental. Defendemos a Carta das Nações Unidas, assim como o Direito Internacional, defendemos a autodeterminação dos povos e a solução pacífica dos conflitos internacionais.

Luta, união, perspectivas
  Só há uma força capaz de derrotar o imperialismo: os povos conscientes, unidos, organizados, mobilizados, em luta. O imperialismo é poderoso, é agressivo e terrorista, mas não é invencível. Será derrotado. O CMP sai desta Assembleia Geral de Katmandu mais imbuído de seus princípios e seu compromisso de lutar por um mundo de paz, com justiça, progresso social e liberdade, que são as aspirações mais sentidas da humanidade.

José Reinaldo Carvalho, de Katmandu, Nepal, especial para o Vermelho