Peru: governo faz autocrítica para solucionar conflito social
O governo peruano está em busca de soluções para o desgastante conflito social em torno de um projeto de mineração que está provocando crises ministeriais.
Publicado 01/08/2012 19:03
O novo porta-voz dos envolvidos nos conflitos sociais, o político de centro Vladimiro Huároc, ex-presidente regional (governador) do território centroandino de Junín, fez uma crítica explícita ao manejo do conflito em torno do projeto aurífero Conga, na região andina do norte de Cajamarca.
Destacou que Conga “é um exemplo do que não devemos fazer” e explica que são necessários estudos profundos dos conflitos para poder chegar às soluções.
Huároc entende que os protestos provocaram mudanças de atitude e do próprio nome do departamento responsável pela negociação, que passou a se chamar Escritório para o Diálogo e a Sustentabilidade. Reconheceu, também, como sinal de autocrítica o fato de o governo nomear o Ministro da Justiça, Juan Jiménez, como primeiro-ministro, em lugar do ex-militar Oscar Valdés, considerado conservador e autoritário.
Valdés fracassou no objetivo de impor o projeto Conga, em função do mesmo ter capital financeiro majoritariamente estadunidense e ter sido rechaçado por considerações ambientais.
Esta foi a primeira crise ministerial e deixou fora do comando do governo o centrista Salomon Lerner, que não conseguiu mediante negociação a aceitação do projeto em Cajamarca, com Valdés como ministro do Interior.
A saída de Valdés foi precedida por manifestações de protesto reprimidas com violência a ponto de deixar um saldo de cinco mortos, o que elevou para 17 o número de vítimas nos conflitos sociais.
Huároc anunciou que na próxima semana se reunirá com o bispo católico Miguel Cabrejos e o sacerdote Gastón Garatea, promotores de um diálogo entre o Executivo e o governo regional e os dirigentes sociais de Cajamarca.
Paralelamente, a empresa Newmont anunciou nos Estados Unidos que não dará continuidade ao projeto. Por outro lado, o religioso Garatea rechaçou as críticas ao presidente Ollanta Humala por não haver falado sobre os conflitos de Conga em sua mensagem ao país na data do aniversário nacional, sábado (28), e disse que quem critica não conhece a realidade de Cajamarca e deve calar-se.
Os que se propõem a ser “facilitadores” do diálogo sobre Conga acreditam que o presidente do país deve manter-se distante do conflito até que o diálogo chegue à etapa final e seja feita uma intervenção.
Com informações da Prensa Latina