Síria: Resolução da ONU viola legalidade internacional

Os meios de comunicação sírios destacam neste sábado (4) o caráter arbitrário e enganoso de uma resolução aprovada na véspera na Assembleia Geral das Nações Unidas.

"A resolução é histérica e enganosa, violando todos os princípios de legalidade internacional, principalmente de respeito à soberania nacional e a não ingerência nos assuntos internos dos países", disse o representante permanente da Síria na ONU, Bashar al-Jaafari.

O texto envia uma mensagem equivocada aos extremistas e terroristas na Síria e em outros lugares, pois esses atos terroristas não são uma alternativa para o diálogo e a solução pacífica. Esses grupos se animam com o apoio de países membros da ONU, destaca a televisão local ao citar Al-Jaafari.

O diplomata advertiu que o mesmo terrorismo que se promove contra seu país em algum momento chegará aos países que o impulsionam e apoiam, informou a agência síria de notícias Sana

Para as autoridades sírias é irônico que entre os países que condenam esta nação árabe se incluam aqueles que têm um papel importante na militarização da situação e a estimulam, em vez de apoiar o diálogo e uma solução política, agregou a agência Sana.

"O Catar e a Arábia Saudita entregam armas aos grupos oposicionistas sírios com a cumplicidade de Washington e da Turquia, entre outros", denunciou Al-Jaafari.

Ele se referiu à confirmação pela imprensa ocidental da entrega de foguetes Stinger, de fabricação estadunidense, aos bandos armados, o que representará uma escalada da crise e poderá desatar o temor de que os mesmos caiam em mãos de terroristas para ser usados contra aviões civis, inclusive ocidentais.

O diplomata sírio destacou o apoio ocidental à rede terrorista Al-Qaeda para agredir seu país, quando antes esse grupo era perseguido pelos Estados Unidos e o Ocidente.

A imprensa síria destacou também as palavras do representante de Cuba, Pedro Núñez Mosquera, que assegurou que a resolução não resolve a crise da Síria, mas aumenta a violência e trata o tema de forma parcial e não objetiva, abrindo caminho à intervenção militar que seu país não vai apoiar.

O delegado cubano lamentou o mau uso dos meios de comunicação contra essa nação árabe para realizar campanhas e instigar mais derramamento de sangue, e sublinhou seu apoio aos direitos dos sírios na aplicação das reformas, sem ingerência estrangeira.

Os meios de comunicação sírios também destacaram o apoio manifestado ao país por outros países, como a Venezuela, a Rússia e a China, entre outros.

A Venezuela votou contra o projeto de resolução apresentado contra a Síria na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas e denunciou a ingerência na nação árabe.

O representante venezuelano na ONU, embaixador Jorge Valero, manifestou a posição do país durante a sessão em que foi analisada a iniciativa apresentada por um grupo de países árabes, encabeçado pelas monarquias da Arábia Saudita e do Catar.

Para Valero, o projeto de resolução "carece de objetividade" porque descreve supostas violações a direitos humanos por parte do governo de Damasco, mas "minimiza os crimes terroristas de grupos armados".

Valero disse que a iniciativa "ignora as reformas políticas impulsionadas pelo Executivo sírio”, sua convocação a um "acordo nacional inclusivo" e as reformas estimuladas pela administração de Bashar Al Assad, "cujo objetivo é satisfazer as expectativas de mudança para os povos sírio e árabes".

O representante venezuelano na ONU manifestou a opinião de que "cada Estado soberano tem direito legítimo de defender sua soberania e defender a propriedade pública e privada".

O imperialismo viola o direito internacional

Valero ratificou a necessidade do cessar-fogo, que contribua para a reconciliação, e ressaltou o apoio da Venezuela ao plano de paz ainda vigente.

O diplomata venezuelano recordou que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, denunciou recentemente os países "que não abandonaram suas posições imperialistas, tratando de impor governos aos povos do Sul".

"A Venezuela reconhece o governo de Al Assad e não os terroristas. A Venezuela está muito preocupada com a iniciativa intervencionista nos assuntos internos da Síria", disse.

Ele insistiu em que o direito internacional está sendo violado por países que financiam grupos terroristas que operam no território sírio.

Para o diplomata, esta postura que os Estados Unidos encabeçam "é um reconhecimento de fato" aos grupos que violam as leis nacionais e internacionais, além da soberania do país árabe.

"Estas práticas farão com que a lei da selva seja introduzida no direito internacional", advertiu Valero.

A oposição síria e o terrorismo

O embaixador venezuelano na ONU recordou que o governo do presidente al-Assad "não está enfrentando uma oposição democrática e pacífica, mas uma oposição que pratica e apoia o terrorismo e sobrevive graças ao apoio externo".

Esses grupos sírios "não querem participar em um diálogo plural e democrático, que os povos amantes da paz promovem", enfatizou.

Valero lamentou a renúncia de Kofi Annan como enviado especial das Nações Unidas à Síria e alertou que sua saída se deveu a que “os belicistas sabotaram seus esforços pela paz".

Por esta razão, o embaixador venezuelano opina que deve "ser posto em prática" o plano de paz de seis pontos acordado com o governo de Damasco.

O representante da República Bolivariana encerrou sua intervenção na ONU com um chamamento: "A Venezuela faz um chamado ao respeito da soberania e unidade territorial da Síria e a pôr fim à intervenção externa. Exortamos pelos direitos humanos de todos os sírios, independentemente de sua posição política, grupo étnico e crença religiosa. Rechaçamos medidas unilaterais que fazem o povo sofrer. Isto só agrava a situação”, finalizou.

Com Prensa Latina, Agência Venezuelana de Notícias e Agência Sana. Tradução do Vermelho