Sudão ultrapassa limites de emergência

Mais de 170 mil refugiados tiveram que caminhar durante semanas para cruzar a fronteira e escapar do conflito e da insegurança alimentar nos estados sudaneses do Nilo Azul e Kordofan do Sul. Muitos chegaram aos quatro acampamentos de refugiados, de Batil, Doro, Jaman e Yida, em condições extremadamente vulneráveis e precárias. Em dois campos, as condições de vida são particularmente aterradoras e tem consequências devastadoras na saúde das pessoas.

 Desde junho, uma média de 5 crianças morrem a cada dia no campo de Yida e no campo de Batil, e uma criança a cada três sofre desnutrição. As crianças desnutridas se veem ainda mais fragilizadas pela diarreia, malária e infecções respiratórias.

No campo de Yida, que acaba de duplicar o número de camas disponíveis, há mais de 55.000 refugiados procedentes do Estado de Unity.

De acordo com os novos dados epidemiológicos, publicados pela organização humanitária Médicos Sem Fronteiras, sobre a taxa de mortalidade de junho a julho, a cada dia 4 crianças morrem com menos de cinco anos, a maioria devido à diarreia e as graves infecções. A taxa de mortalidade em adultos é de 2 mortes por dia em cada 10.000 pessoas.

No campo de Batil, no estado do Alto Nilo, onde vivem mais de 34.000 refugiados, os resultados preliminares de uma nova investigação epidemiológica realizada pelos Médicos Sem Fronteiras, na data de 31 de julho, apresentava uma taxa de desnutrição infantil global de 27,7% e uma taxa de desnutrição severa aguda de 10,1%, cinco vezes superior ao limite de emergência.

A situação é pior para as crianças menores de dois anos de idade: 18% sofrem de desnutrição aguda severa. O estudo também mostra uma taxa de mortalidade, para cada 10.000 pessoas, de 2,1 mortes ao dia para crianças menores de cinco anos, durante um período de 4 meses. Além disso, a situação se vê agravada pela temporada de chuvas, que deixa intransitáveis as vias de acesso.

Fonte: Cepat