475 anos de Assunção: Lugo lembra o golpe e Franco é escrachado

Nesta quarta-feira (15), data em que se comemoram os 475 anos da capital do Paraguai, Assunção, manifestantes reuniram-se para protestar contra o golpe de Estado que destituiu o presidente legitimamente eleito do país, Fernando Lugo, que completaria hoje quatro anos no poder.

Paraguai Resiste

Cerca de mil pessoas participaram das manifestações organizadas pelo Fórum Paraguai Resiste. Em sua exposição, Lugo reiterou a frase mote de sua resistência: "pode ser que tenham nos tirado do Palácio [do Governo], mas não nos tirarão do coração das pessoas".

Acompanhado de ex-ministros e outros ex-funcionários, Lugo agradeceu as pessoas que colaboraram com ele durante seu governo, em um ato realizado na sede da "Frente Guazú", coalizão de pequenos partidos e movimentos de esquerda.

Escracho

Já o presidente de fato do Paraguai, Federico Franco, foi alvo de um escracho ao participar das comemorações do aniversário de Assunção. Enquanto oferecia uma coroa de flores à Virgem de Assunção, dezenas de pessoas o chamavam de “golpista”.

De acordo com o jornal Última Hora, Franco teve que se esconder em um restaurante próximo ao monumento para fugir dos manifestantes que continuaram reunidos para protestar contra seu mandato golpista.

Insatisfação crescente

O protesto vem um dia depois de uma grande manifestação em Assunção contra o governo de Franco. Centenas de paraguaios marcharam nesta terça-feira (14/08) carregando bandeiras e cartazes criticando os rumos adotados pela nova administração paraguaia e rejeitando o golpe parlamentar contra Lugo.

A manifestação era um dos eventos previstos no Fórum Social, realizado nestas terça e quarta-feira (14 e 15/08) pela organização “Paraguai Resiste”, criada após o impeachment de Lugo. Anunciado como apartidário, o evento visa o debate sobre a atualidade política, econômica e social do país, entre estudantes, camponeses, indígenas e ativistas.

Os controversos projetos autorizados por Franco com multinacionais que podem ameaçar o meio ambiente do país estão entre a pauta dos participantes. “Fora Rio Tínto” foi um dos gritos, em referência ao projeto governista de instalação da multinacional mineira em território paraguaio. Entre as medidas questionadas está a habilitação do plantio de algodão transgênico e a construção de uma fábrica de alumínio.

Repressão

Organizações e movimentos sociais também denunciam Franco por repressão a críticos de seu governo por meio de prisões arbitrárias e demissões de funcionários públicos. “Recebemos diversos comunicados de pessoas que foram presas ou processadas arbitrariamente”, contou ao Opera Mundi Xímena Lopez, responsável pelo departamento jurídico da Codehupy (Coordenadoria dos Direitos Humanos no Paraguai, na sigla em espanhol).

Membros da Frente Guasú alertam que a medida faz parte de uma perseguição política a pessoas que se dizem simpatizantes ao governo deposto. Lugo já havia alertado no início do julho, em uma nota oficial, que o novo governo paraguaio planejava demissões em massa visando principalmente funcionários taxados como apoiadores do antigo governo – 300 delas somente em Itaipu.

Com Opera Mundi