Chorões paulistanos dedicaram cd inteiro à obra de Altamiro

Grupo Ó do Borogodó, formado por músicos de São Paulo, homenageou o flautista Altamiro Carrilho em 2008. Na opinião de alguns dos participantes do cd, o instrumentista está ao lado de mestres como Pixinguinha, Benedito Lacerda, Jacob do Bandolim e Patápio Silva

O falecimento nesta quarta-feira, 15 de agosto, do flautista Altamiro Carrilho em decorrência de um câncer trouxe à memória da produtora e pandeirista Roberta Valente os bastidores da produção do Cd Grupo Ó do Borogodó interpreta Altamiro Carrilho, lançado em 2008 pela Lua Discos e único cd inteiro dedicado às composições de Altamiro

A ideia do disco foi de Roberta motivada pelo encantamento que as músicas de Altamiro provocavam nela. “Eu ia ouvir o Zé Barbeiro, o Miltinho (Mori), o Stanlei e aí eles tocavam uma determinava música que eu gostava. Ficava sabendo depois que a música era do Altamiro assim como muitas outras que me deixavam encantada “, lembrou Roberta.

Ela usou as palavras “maravilhoso” e “peculiar” para descrever as composições de Altamiro. “Choros ritmados, muita convenção. Quando fomos escolher as 14 músicas pra o Cd foi um sofrimento, muita coisa boa ficou de fora”, contou. Um cd feito em sua homenagem deixou Altamiro muito feliz e ele retribuiu oferecendo uma composição inédita para o disco chamada “Não resta a menor dúvida”.

“Eu e o Alexandre Ribeiro fomos ao Rio acompanhar a gravação da faixa. O Altamiro gravou quatro takes da mesma música cada um mais lindo do que o outro. Eu queria colocar todos no disco”, brincou Roberta. “Ele também era um mestre no improviso. Foi pioneiro em muita coisa. Temos poucos nomes de destaque na música instrumental e ele foi um ao lado de ser referência como instrumentista e como compositor”, ressaltou Roberta.

Apesar de nascido no Estado do Rio de Janeiro, foi nas rodas de choro de São Paulo que as composições de Altamiro Carrilho encontraram admiradores. O setecordista Ruy Weber confirma isso. Músico há trinta anos, Rui está há pelo menos 12 anos dedicado ao choro. “Músicas como Aeroporto do Galeão, Enigmático, Luana, Bem Brasil são muito tocadas nas rodas aqui em São Paulo”, afirmou.

Rui também participou da gravação do tributo a Altamiro e também esteve ao lado do mestre em fevereiro passado. Ambos foram homenageados em um projeto do Sesc Santana chamado Movimento Sincopado quando Rui tocou ao lado de Altamiro a valsa Lyra, arranjada por Ruy para o disco em homenagem ao flautista.

“O Altamiro é um dos maiores do Brasil. Ele era o único cara vivo que tocava com essa maestria. Virtuoso. Foi um grande músico pra história do choro, fundamental. Ele foi a continuação de uma linhagem”, opinou Ruy.

Na ocasião da produção do tributo, o grupo Ó do Borogodó era formado por Roberta Valente(pandeiro), Ildo Silva (Cavaquinho), Lula Gama (violão de Sete Cordas) e Alexandre Ribeiro (clarinete). Zé Barbeiro, Ruy Weber, Izaías e Israel Bueno, Stanley Carvalho, João Poleto e João Macacão foram as participações ilustres no tributo.

O grupo Ó do Borogodó se apresenta no bar Ó do Borogodó, do qual herdou o nome, às quintas-feiras. O Ó do Borogodó fica na rua Horácio Lane, 21 – Vila Madalena.

De São Paulo, Railídia Carvalho