Unasul debaterá defesa da embaixada equatoriana, diz Uruguai

O ministro das relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro, disse nesta quinta-feira (16) que a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) se reunirá ainda nas próximas horas. Na reunião serão debatidos possíveis mecanismos de resposta imediata caso o Reino Unido invada a sede diplomática do Equador em Londres. 

Em entrevista à Rádio Montecarlo, Almagro ressaltou que espera que a diplomacia britânica respeite a decisão do governo do Equador de conceder asilo político ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange.

De acordo com o chanceler, "a decisão não é prematura e é obviamente fundamentada”. Por essa razão, disse que espera que o Reino Unido “respeite a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas, que garante os privilégios, inviolabilidades e imunidades da embaixada do Equador".

Almagro disse ter tratado do assunto com seu colega peruano e presidente pró-tempore da Unasul, Rafael Roncagiolo, que explicou que o próximo passo deve ser necessariamente o respeito à decisão tomada pelo Equador desta manhã.

Mais cedo, o chanceler britânico, William Hague, negou a possibilidade de a polícia entrar pela força no prédio da embaixada equatoriana em Londres à procura de Assange. Mas confirmou que seu país não irá conceder salvo-conduto para ele deixar o país rumo ao Equador.

De acordo com o chanceler, o impasse diplomático ainda pode durar um período "considerável". “Não iremos permitir que sr. Assange deixe o Reino Unido, nem temos bases legais para isso. O Reino Unido não aceita o princípio de asilo diplomático. Este não é, de longe, um conceito aceito universalmente: o Reino Unido não assinou nenhum tratado jurídico [internacional] que o obriga a reconhecer a concessão de um asilo diplomático por uma embaixada estrangeira em nosso país”, disse chanceler.

“Mais do que isso: mesmo para os países que aceitam reconhecer asilos diplomáticos, este [dispositivo] não deveria ser usado com o propósito de simplesmente fugir dos tribunais. E claramente este é um desses casos”, disse o chanceler, lembrando que o país recebeu um pedido da Suécia para extraditá-lo.

Na quinta-feira (15), o chanceler equatoriano Ricardo Patiño anunciou, em uma coletiva em Quito, que o governo britânico ameaçou invadir a embaixada do país para capturar Assange.

O governo do Reino Unido, que tensiona a relação com o Equador, ontem à noite enviou um dispositivo especial de Polícia para cercar a embaixada e, inclusive, prendeu ativistas que se manifestavam a favor de Assange frente à representação diplomática equatoriana em Londres.

O caso

Assange, que lançou o Wikileaks em 2010, é procurado pela Justiça da Suécia para responder por um suposto crime sexual. Ele ainda não foi acusado ou indiciado. No Reino Unido, ele travou uma longa batalha jurídica contra sua extradição para o país escandinavo, que se recusava a interrogá-lo em solo britânico. No entanto, a Suprema Corte do Reino Unido decidiu que ele deveria ser extraditado.

Há sete semanas, o jornalista buscou asilo na Embaixada do Equador em Londres, em uma jogada classificada como “tenaz” pela imprensa local. Ele afirma que, por trás da denúncia, estão conotações políticas.

Assange teme que, após ser preso na Suécia, os Estados Unidos peçam sua extradição, onde poderá ser julgado por crimes como espionagem e roubo de arquivos secretos. O Wikileaks obteve acesso e divulgou centenas de milhares de arquivos diplomáticos norte-americanos, muitos deles confidenciais.

Com Opera Mundi