Adolescentes de Israel lincham jovens palestinos
Na última sexta feira, dezenas de adolescentes israelenses – incluindo meninas e meninos – estiveram envolvidos em uma tentativa de linchamento de quatro jovens palestinos que passavam pela rua Yaffo, no centro de Jerusalém.
Publicado 20/08/2012 16:35
Um dos palestinos quase morreu. Um dos suspeitos, um menino de 15 anos cuja identidade não foi revelada, disse nesta segunda feira aos jornalistas que estavam na Corte que “por mim, é melhor que morra”, em referência ao ferido.
De acordo com a policia, o conflito se deu quando dezenas de adolescentes começaram a correr atrás dos jovens palestinos gritando "morte aos árabes" e outros xingamentos de conteúdo racista.
Não há precedentes na história de Israel de crimes tão graves, motivados por ódio étnico, e cometidos por pessoas tão jovens.
Um dos palestinos, Jamal Julani, de 17 anos, ficou em estado critico depois de receber socos e chutes na cabeça, chegou a sofrer parada cardíaca e foi ressucitado pela equipe de salvamento que chegou ao local do crime.
Menores de idade
Nesta segunda feira os suspeitos foram levados à Corte de Jerusalem e o juíz determinou a prolongação da detenção, apesar de serem menores de idade.
Segundo a policia, mais adolescentes que estiveram envolvidos no incidente deverão ser presos em breve. A policia também afirma que uma das meninas do grupo incitou os garotos a agredirem os jovens palestinos.
O representante da policia na Corte, Shmuel Shenhav, disse que “foi um verdadeiro linchamento, o ferido perdeu a consciência e já era considerado morto, até a chegada dos paramédicos que realizaram a ressuscitação. Trata-se de um crime muito grave que, só por um milagre, não terminou em morte”.
A policia também mencionou que dezenas de transeuntes foram testemunhas da agressão e não interviram.
'Educação racista?'
A deputada Zahava Galon, do partido social-democrata Meretz, disse que o crime cometido pelos adolescentes é "chocante". Em entrevista à radio Kol Israel, a deputada atribuiu a responsabilidade ao sistema judiciário que, segundo ela, "não trata de maneira suficientemente enérgica aqueles que incitam o ódio na sociedade israelense".
Para a pedagoga Nurit Peled Elhanan, da Universidade Hebraica de Jerusalem, o comportamento dos adolescentes envolvidos na tentativa de linchamento é "resultado direto da educação que recebem tanto nas escolas como de seus pais".
Em entrevista à BBC Brasil, a pedagoga afirmou que "o sistema de Educação de Israel ensina as crianças a odiarem os árabes em geral e palestinos em particular".
"As crianças são ensinadas, tanto pelas escolas, como por seus pais, que todos os árabes querem matá-las, e crescem sem desenvolver qualquer sentimento de empatia humana com eles", disse.
"Daí, até a agressão fisica, a distância não é grande, e agora estamos vendo os frutos da educação que essas crianças recebem", acrescentou Elhanan.
O vice-primeiro-ministro Moshe Yaalon classificou a tentativa de linchamento como "terrorismo".
Fonte: BBC