Nicarágua não enviará mais soldados à Escola das Américas

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, garantiu nesta terça-feira (4) que não enviará mais tropas à SOA (Escola das Américas, na sigla em inglês). O anúncio foi feito a delegações da SOAW (School of the Americas Watch) e da NicaNet (Nicaragua Network).

Durante a reunião, Ortega disse que a sua decisão “é o mínimo que se pode fazer”, pois a Nicarágua sempre foi “vítima” da entidade, criada no Panamá em 1946 com o objetivo de ensinar técnicas de guerra e de resistência a soldados latino-americanos.

“A SOA é um anátema ético e moral. Todos os países da América Latina foram vítimas de seus soldados. A SOA é símbolo de morte e terror. Por isso temos reduzido o número de nossas tropas na SOA. Em 2011 enviamos apenas cinco soldados e nenhum neste ano”, afirmou o presidente.

Além da Nicarágua, outros cinco países da América Latina (Argentina, Bolívia, Equador, Uruguai e Venezuela) já anunciaram o fim de seus vínculos com a entidade, que, desde 1984, tem suas instalações baseadas em Fort Benning, no estado norte-americano da Georgia.

Ortega também relacionou a medida como uma forma de reafirmar a soberania de seu país e destacou a importância da unidade latino-americana. Em seu discurso, o mandatário apontou os principais avanços da sua gestão, dentre os quais incluiu a saída da Nicarágua do pacto militar da OEA (Organização dos Estados Americanos), conhecido como TIAR (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca).

A coordenadora da SOAW para América Latina, Lisa Sullivan, por sua vez, elogiou a decisão. “É um resultado muito importante, pois é o primeiro país da América Central a dar este passo. Mais uma vez na história, a pequena Nicarágua envia uma mensagem de esperança, tenacidade, integridade e de solidariedade”, afirmou.

Nos últimos 11 anos, a SOA treinou cerca de 14 mil pessoas, entre militares e policiais. Os países que mais enviaram tropas foram Chile, Peru e Colômbia, sendo que este último responde a quase metade dos alunos. “Não é um segredo para ninguém que o exército que mais tem violado os direitos humanos é o da Colômbia”, disse Sullivan.

Na América Central, os países mais participativos da SOA são Honduras e El salvador, com 234 e 227 soldados enviados entre 2008 e 2011, respectivamente.

Fonte: Opera Mundi