'Os juros baixos já são uma realidade', afirmou presidente do BB

"Acabou o negócio bancário baseado no spread [diferença entre o custo de captação e o cobrado do cliente], afirmou em entrevista à imprensa o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine. Segundo ele os acionistas "estão malucos" em esperar altos retornos numa era de juro baixo, que forçará o mercado bancário a reduzir custos e fazer parcerias para ganhar eficiência.

Aldemir Bendine reconheceu que o primeiro semestre ficou abaixo das expectativas. "Tínhamos uma previsão de retomada mais forte agora, a partir do segundo semestre, que não veio tão rápido como a gente imaginava. O Banco do Brasil, até por conta de ações estratégicas, já teve uma melhoria forte no segundo trimestre, que o mercado bancário ainda não acompanhou. 
Desde julho, a gente nota uma retomada do interesse das empresas na tomada de crédito e na retomada de seus projetos de investimento", salientou o presidente.

Ele acrescenta que a expectativa é chegar até o final do ano com a economia muito mais aquecida, o que ajudará muito em 2013. "O crescimento da carteira de pessoa jurídica foi superior à de pessoas físicas. Isso prova que essa ação voltada só para estimular consumo, mas uma estratégia para reavivar o mercado de crédito no país".

Bendine reforçou que a política de redução do spread, que reflete na taxa do tomador final, melhora do perfil de dívida, que abre espaço para um crédito novo e mais saudável.

Nível de endividamento

Sobre o nível de endividamento, Bendine afirmou que do ponto de vista bancário, não há endividamento excessivo da família brasileira nem das empresas. Antes sim, mas isso está mudando com a política de juros baixos, uma maior consciência financeira do tomador em relação a isso.

"Na nossa base de clientes, nossa inadimplência se manteve inalterada e permanece hoje em um patamar muito bom. Agora, o banco tem uma característica: a gente sempre procurou trabalhar com linhas de menor risco, o que nos garante que, se não temos um ganho elevado nessas linhas de maior custo, por outro lado a gente ganha em volumetria e nesse índice de perda bem abaixo das demais", ponderou.

Reação dos bancos privados

Segundo o presidente do BB, de forma geral, os bancos privados melhoraram preço, talvez de uma forma não tão agressiva. Mas vai ser uma consequência natural.

"Por uma série de situações, por ter um taxa básica muito alta, uma economia que não crescia fortemente no crédito, nós não estávamos preparados a trabalhar num cenário de spread bruto bem baixo. Por outro lado, você percebe essas curvas se encontrando. À medida que aumenta esse percentual de crédito, você melhora essa eficiência e consegue trabalhar com esses spreads mais baixos".

Spread

Bendine frisou que o spread  acabou. E destacou que o 'core business' [negócio principal] de banco continuará sendo a intermediação financeira.

"Como você vai compensar essa redução de spread? Com volumetria. Esse é o primeiro grande movimento. O segundo se dará na oferta de produtos e serviços de uma forma mais inteligente, com produtos mais elaborados, e com maior penetração na base de clientes".

Com informações da Folha