A comunidade internacional e o direito à “desinformação”

No dia 29 de agosto, o presidente sírio, Bashar Al-Assad , em rara entrevista televisiva, falou do desafio que a Síria vem enfrentando, do sofrimento que o seu povo vem passando e da imensa trama internacional mirando a derrubada de seu governo. A grave consequência desta entrevista que Al Assad concedeu a TV privada al Dunya , resultou na interrupção da retransmissão dos satélites Arabsat e Nilesat. E as estações de TV A Dunya e TVal Ekhbarya síria foram tiradas do ar!

Por Claude Fahd Hajjar*

A decisão foi tomada pelos ministros da “desinformação” da Liga dos Estados Árabes ,
e cumprida nos dias posteriores à entrevista.

A imprensa – empresa internacional, as agências de notícias, como a CNN, France Press, Reuters, BBC, e outros noticiaram o fato como uma vitória da oposição síria no exílio que não tem legitimidade nem respaldo algum dentro da Síria.

Por que a comunidade internacional não quer ouvir os 22 milhões de sírios?

Os embaixadores sírios acreditados na União Europeia foram convidados a se retirar depois do massacre de Houla, incidindo assim estes países, na violação de leis internacionais, de acusar e condenar antes de investigar. O objetivo da comunidade internacional ou quem a manipula é impedir que os diplomatas sírios possam ser ouvidos pela comunidade diplomática europeia, e fazer com que a imprensa não tenha acesso a seus depoimentos.

A comunidade internacional não está preocupada com os 22 milhões de sírios. Não querem saber se são felizes sob o mandato do presidente Bashar Al-Assad, nem se estão sendo expulsos de suas casas (como aconteceu em Homs e Alepo) . Os assassinos e mercenários que integram o Exército Livre Sírio, treinados na Turquia e financiados pelo Qatar e Arábia Saudita, pagavam mil dólares por família, para sair da fronteira turca, com a promessa de salário mensal e retorno assim que quisessem voltar.

O que realmente está acontecendo com estes refugiados:

Hoje são impedidos de retornar, suas mulheres e filhas foram violadas e seviciadas, e estão entre serem fiéis a quem os induziu ao refúgio, e assim obedecerem e concordarem com condições não humanas nos acampamentos; ( apesar de a Acnur pagar a peso de ouro para o governo turco manter estes acampamentos) ou estarem sujeitos a serem assassinados pelos mercenários a serviço da oposição síria, se tiverem coragem para fugir e retornar às áreas libertadas.

A comunidade internacional não quer saber dos estupros e violações do chamado Exercito Livre da Síria dentro dos acampamentos de refugiados na Turquia e na Jordânia.

Meninas de 13 e 14 anos são estupradas e depois os sheiks abençoam a união mediante pagamento de propina para a família.

As famílias cristãs que viviam dentro de Homs tiveram que fugir após o estupro seguido de esquartejamento de meninas e mulheres, numa atitude de selvagem intimidação: fugiram para o interior da Síria, não foram se tornar refugiados. Após meses de lutas, o exército sírio libertou algumas vilas de população cristã e os seus habitantes puderam retomar com a ajuda do governo.

O corajoso povo sírio manda assim um recado para os mercenários a serviço da Turquia, Qatar e Arábia Saudita: a Síria pertence aos sírios, sejam cristãos, muçulmanos ou judeus.

Infelizmente, a Síria e os seus descendentes que ajudaram a construir o Brasil não estão sendo ouvidos nem pelo governo brasileiro nem pela imprensa brasileira.

Peço à presidenta Dilma Rousseff que se solidarize com os 22 milhões de sírios, que vêm demonstrando que povo e regime da Síria estão aliados na luta contra os mercenários infiltrados e pagos por países que desejam destruir a soberania nacional da Síria, assim como fez a força do Império, com Honduras e com o Paraguai.

Hoje os Brics representam metade da população mundial, sem os vícios e desperdícios do mundo alinhado do pós-guerra; representam também grande parte das reservas de hidrocarburantes do mundo. Além de representar mais da metade do mundo produtivo da atualidade.

Somos brasileiros de origem síria, apoiamos o governo de Dilma Rousseff, o Brasil e a sua política corajosa de ocupar o lugar que lhe pertence no cenário mundial. Contamos com o governo e o povo brasileiro.

*Autora de “Imigração Árabe, cem anos de reflexão”; vice-presidente da Fearab-América
Fonte: IAnotícia