Hermano, Luiz Almir e Micarla: o submundo da política

Por Ramon Alves*

Em que diferem a campanha de Hermano Moraes, candidato do PMDB à prefeitura de Natal, e a de Luiz Almir, em 2004? E em relação à Micarla, em 2008? Em 2004, Luiz Almir saiu derrotado das urnas porque não conquistou a adesão da classe média, insensível ao seu discurso vazio e ao seu desconhecimento sobre a cidade. Micarla (PV) teve melhor sorte, estava melhor posicionada na classe média e utilizou-se da sua rede de televisão, a TV Ponta Negra, para difundir uma imagem positiva entre a população mais carente.

Hermano Moraes tem perfil parecido com o da prefeita. Seu eleitorado são os setores médios da capital, mas que não são suficientes para ganhar nas urnas uma eleição majoritária. O que fazer, então? A solução tem sido repetir as mesmas táticas que deram certo no passado, ainda que tal atitude custe relegar uma história que o ligava de alguma maneira às idéias progressistas. Qualquer relação com o eterno candidato tucano à presidência da República é mera coincidência.

As pistas sobre o que viria a ser o foco do candidato peemedebista vieram com o primeiro debate entre prefeitáveis, realizado pela Bandeirantes. Nervoso e incoerente, toda e qualquer ideia de Hermano estava direta ou indiretamente associada ao candidato que é líder nas pesquisas. Há o componente liderança, mas há um outro que agudiza esse comportamento. Todos sabemos que as principais lideranças pevistas, aliadas de Micarla de Sousa, apoiam o candidato do PMDB, e que Carlos Eduardo e Micarla não são apenas adversários, mas inimigos políticos desde a 2ª gestão de Carlos Eduardo, quando ambos, prefeito e vice, romperam. Esse grau de antagonismo força a elevação da rispidez de Hermano Moraes.

A tática de debater a partir do submundo da política se esperava ultrapassada, batida e antiquada. O seu sucesso eleitoral em 2008 provocou o aguçamento dos problemas econômicos e sociais de Natal. Porém, diferentemente disso, as pesquisas apontam para o crescimento do candidato do PMDB e o princípio de conformação de uma polarização entre Hermano e Carlos Eduardo, ainda que insuficiente para deter a resolução das eleições em 1º turno.

A confirmação dessa polarização derrotará de uma só vez a equivocada tese de levar as eleições para o segundo turno, como tem sido o apelo de muitos candidatos. O que esperar de Hermano Moraes em um segundo turno se sua tática de escandalizar a política continuar em escala ascendente? Que tipo de projeto a cidade conseguirá debater?

Hermano é Micarla, Micarla é Hermano. A derrota de Hermano Moraes é a afirmação de que Natal não vai mais tolerar a mediocridade da política.

* Estudante de Gestão de Políticas Públicas da UFRN e Diretor Regional da União Nacional dos Estudantes (UNE)