Quilombolas ocupam fazenda em Pinda no interior de SP

Diante do descaso do Governo Dilma e cansados de esperar, 350 famílias quilombolas de Brejo dos Crioulos, com o apoio da Via Campesina, ocuparam na madrugada deste sábado, 15 de setembro de2012, a fazenda do empresário Raul Ardito Lerário de Pindamonhangaba (São Paulo). Há notícias de que um quilombola de nome Roberto foi ferido por um tiro nas costas pelo pistoleiro Zé Reis vulgo sargento Julião.

Um dos pistoleiros morreu após ser levado ao hospital. Outro três funcionários da fazenda foram presos por porte de arma.

O território quilombola de17.302 hectares, composto por 512 famílias, situa-se nos municípios de São João da Ponte, Varzelândia e Verdelândia (Minas Gerais), e nove proprietários detêm 13.290 hectares do mesmo, como disposto a seguir:

– Espólio de Juarez Fazenda Morro Preto 3.500 ha.
– Albino Ramos Fazenda Vista Alegre 2.900 ha.
– Raul Ardito LerárioTrês Fazendas 2.100 ha.
– João Gonçalves Uma Fazenda 1.460 ha.
– Dílson Godinho Fazenda Bonanza 1.400 ha.
– Névio Fazenda 590 ha.
– Moacir Rodrigues Fazenda Gramado 480 ha.
– Miguel Véo Filho Fazenda São Miguel 460 ha.
– José Maria Fazenda 400 ha.

Os Avanços

Nestes 12 anos de luta e de total descaso do poder executivo e judiciário, as famílias vêm utilizando o método de retomadas/ocupações dos latifúndios dentro do território. Única forma de serem ouvidas pelas autoridades. Em abril de 2004, 400 famílias quilombolas realizaram a 1ª retomada organizada, na fazenda São Miguel, de propriedade do Miguel Véo Filho. Depois disso foram realizadas mais de doze retomadas até a recente data, nos latifúndios invasores do território, nas fazendas de Miguel Véo Filho, Névio, Dílson Godino, Raul Ardito, Albino Ramos, Zé Maria, Diniz e Moacir Rodrigues.

No final de setembro de 2011, duzentas famílias de Brejo dos Crioulos acamparam em frente ao Palácio do Planalto, por uma semana e conseguiram que o decreto de desapropriação fosse assinado pela presidenta Dilma Rousseff. A partir daí os quilombolas aguardaram o governo para que retirasse os proprietários e titulasse o território entregando-o aos quilombolas. Um ano se passou e os quilombolas permanecem fora das terras e os proprietários dentro da mesma. Estes aumentaram a exploração do território com maior numero de animais e desmatamento ilegal.

Pela sua inoperância e subserviência ao latifúndio o governo federal passa a ser o gerador dos conflitos e o judiciário acaba emitindo os mandados de despejos contra os negros, em vez de emitir mandados para o executivo cumprir seu papel, fazendo com que a lei da função social da terra prevaleça. O pobre que se lasque e pague a conta da inoperância do Estado. A luta pela desintrusão e titulação do território continuará.

Terra territórios Livres e revitalizados!

Comunidade Quilombola Brejo dos Crioulos

Apoio:
•Assoc. Brasileira Estudantes Eng° Florestal
•Comissão Pastoral da Terra
•Federação Estudantes Agronomia Brasil
•Movimento dos Atingidos por Barragens
•Movimento dos Pequenos Produtores
•Movimento Trabalhadores Rurais Sem Terra
•Articulação Popular São Francisco Vivo

Fonte: Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais