Índia protesta contra reformas anunciadas pelo governo

Lojas fechadas, transporte público interrompido e manifestações nas ruas refletem o elevado nível de adesão ao protesto convocado para esta quinta (20) pela oposição, contra as reformas anunciadas recentemente pelo governo indiano.

A mídia informou que a circulação de trens, ônibus e até mesmo dos pequenos tuc-tucs (ou rickshaws, triciclos motorizado que são usados como táxis) estava total ou parcialmente paralisada nas principais cidades, enquanto a vida comercial e os serviços em geral também seguiram no mesmo caminho.

Na quinta-feira passada, o governante Partido do Congresso (PC) decidiu aumentar em 12 por cento os preços do diesel e limitar a seis por ano os cilindros de gás liquefeito que podem ser comprados pela metade do preço pelas famílias de menor renda.

A medida levantou uma onda espontânea de protestos, que cresceu após o primeiro-ministro Manmohan Singh anunciar que o comércio varejista, as companhias aéreas e as emissoras de televisão se tornariam abertos aos investidores estrangeiros.

Em uma incomum coincidência de posições, todos os partidos da oposição e até mesmo alguns aliados do PC convocaram protestos, que desde suas primeiras horas mobilizam os 28 estados da nação, com a participação de milhões de transportadores, comerciantes, agricultores, empregados e trabalhadores em geral.

Em Nova Delhi, os líderes dos partidos de esquerda exigiram que o governo recue da medida ou renuncie.

Enquanto isso, os líderes do Bharatiya Janata Party, o principal da oposição, disseram que planejam protestar em frente à residência do primeiro-ministro e enfrentar a possibilidade de prisão.

Na populosa Kolkata, capital do Estado de Bengala Ocidental, a chefe do Executivo no território, Mamata Banerjee, reiterou que seu partido, o Congresso Trinamool, iria retirar seu apoio se as reformas não forem canceladas.

Por sua vez, o governador do nordeste do estado de Bihar, Nitish Kumar, qualificou como suicida a decisão de abrir o setor de varejo ao capital estrangeiro e advertiu que esta medida jamais se aplicará sob seu governo.

Durante anos, as grandes multinacionais como a norte-americana Walmart e a freancesa Carrefour estão esperando que lhes sejam abertas as portas para um mercado lucrativo estimado em 470 bilhões de dólares por ano.

Críticos da medida argumentam que ela vai ser a ruína dos agricultores, pequenos empresários e os proprietários de mais de 12 milhões de "kiranas", pequenos comércios tradicionais.

No estado distante de Assam (nordeste), a informação é de que os serviços e atividades comerciais foram nulos, em sinal de rejeição à decisão; enquanto no estado de Punjab (noroeste), muitos dos manifestantes marcharam levantando cilindros de gás e queimaram imagens do primeiro-ministro.

Com variações, e sem que tenham sido registrados fatos violentos até agora, as manifestações foram replicadas em todo o país.

O secretário-geral da Confederação dos Comerciantes da Índia, Praveen Khandelwal, disse a jornalistas que os protestos envolveram cerca de 25 mil associações, que representam milhões de empresários, vendedores ambulantes e agricultores.

Fonte: Prensa Latina