Aldo Rebelo: Recursos com resultados
A justiça histórica manda reconhecer que foi com os chamados cartolas, suas qualidades e insuficiências, que o Brasil se tornou uma potência esportiva e só no futebol conquistou cinco campeonatos mundiais. Se são criticados pelos seus defeitos, devem ser reconhecidos por suas virtudes. Mas os tempos mudam e também mudam as formas de organização da sociedade.
Publicado 05/10/2012 15:39
Embora seja um risco termos diretorias alheias à tradição dos clubes, a tendência mundial é adotar na gestão esportiva modelos mais próximos da capacitação profissional que da abnegação amadora.
A torcida, que deveria ter o direito de escolher a diretoria, em colegiado muito mais ampliado que o de sócios ou conselheiros dos clubes, cobra administrações impessoais e sujeitas às regras da renovação democrática.
O governo federal compartilha dessa preocupação e considera que é hora de as entidades introduzirem em seus estatutos cláusulas que assegurem a disputa e a renovação. A reeleição ilimitada, em país onde até o presidente da República só pode exercer dois mandatos consecutivos, imobiliza as instituições e acomoda os gestores.
Uma fórmula capaz de incentivar a alternância do poder é condicionar a concessão de benefícios oficiais a exigências de transparência, modernização e gestão democrática. As confederações esportivas que recebem verbas públicas por meio de convênios serão induzidas a fixar metas e apresentar resultados proporcionais ao que auferem na forma de patrocínio de estatais, isenções fiscais ou transferência direta de recursos no Ministério do Esporte.
O governo não pode intervir nas organizações esportivas e por isso tais medidas dependem de complexo e demorado processo de negociação. Mas colocá-las no horizonte desde já pode contribuir para que o Brasil melhore sua participação nas Olimpíadas. A meta é ficarmos entre os dez primeiros colocados nos Jogos do Rio em 2016.
Fonte: Diário de S. Paulo