Guatemala: Organizações condenam morte de camponeses em protesto

Na última quinta-feira (4), o povo Maya K’che’, organizado em 48 territórios de Totonicapán (Guatemala), foi vítima de um ataque por forças de segurança do Estado, que terminou com sete pessoas mortas e 36 feridas.

O Conselho de Povos Mayas do Ocidente se manifestou se solidarizando com as famílias e ao mesmo tempo exigindo que o presidente Otto Pérez Molina, na qualidade de Comandante Geral do Exército, se responsabilize pelos atos de seus soldados.


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O massacre aconteceu durante manifestação pacífica contra a tarifa de energia elétrica imposta pela empresa Energuate, as reformas constitucionais promovidas pelo governo de Otto Pérez Molina e a reforma da carreira magisterial. Os indígenas foram reprimidos por forças do Estado e o enfrentamento acabou com mortos e feridos por armada de fogo e fragmentos de granadas.

As vítimas fatais foram Santos Hernández Menchú, José Eusebio Puac Baquiax, Jesús Baltazar Caxaj Puac, Arturo Félix Sapón Yax, Jesús Francisco Puac Ordóñez, Rafael Nicolás Batz e uma sétima vítima que ainda não foi identificada.

Em pronunciamento divulgado logo após o massacre, o Conselho de Povos Mayas do Ocidente se manifestou deixando clara sua indignação com o desprezo à vida do povo maya e com declarações ‘irresponsáveis’ feitas pelo Ministério de Governo e por outros funcionários de segurança a fim de justificar as mortes para a mídia.

Além de exigir que o presidente, na qualidade de Comandante Geral do Exército, assuma a responsabilidade de atos violentos cometidos pelas forças de segurança do Estado, os integrantes do Conselho querem ainda sua renúncia. Exigem também à Promotoria Geral do Ministério Público que acione a Promotoria Especial para que investigue os fatos ocorridos e para que estes não caiam na impunidade.

Povos originários 

As lideranças indígenas pedem o apoio e a reciprocidade dos Povos Originários do mundo "para que levantem a voz ante a repressão que seguimos suportando os Povos Mayas da Guatemala” e reafirmam o compromisso de não baixar a cabeça e seguir batalhando pela defesa da vida e do território, seguindo o exemplo dos sete irmãos maya assassinados.

Os integrantes das organizações da Coordenação e Convergência Nacional Maya Waqib’ Kej também se pronunciaram condenando energicamente o derramamento de sangue e reclamando o fim da repressão aos povos de Totonicapán, assim como o fim da perseguição às autoridades comunitárias dos 48 territórios.

As organizações ainda exigem a retirada imediata de todas as tropas do Exército que estão ocupando comunidades dos povos originários da Guatemala, "já que isso não é mais que a remilitarização de nossos territórios e a expressão de um governo contra-insurgente revivendo assim a época do conflito armado interno”.

Também chamam a comunidade nacional e internacional a condenar o Estado da Guatemala e o presidente Otto Pérez Molina e convoca o povo deste país a se solidarizar com os 48 territórios de Totonicapán e recusar a continuidade dos genocídios contra os povos indígenas guatemaltecos.

Fonte: Adital