Triunfo de Chávez dá novo impulso à integração da América Latina

O triunfo de Hugo Chávez nas eleições presidenciais da Venezuela é considerado por latino-americanos e caribenhos um resultado favorável para os processos de integração regional em curso.

Por Waldo Mendiluza em Prensa Latina

As repercussões pela vitória do líder socialista no último domingo (7) abarcaram diversos campos, com destaque para o cenário de impulso à integração que decorre do que sucedeu nas urnas.

"As forças progressistas da América Latina e do Caribe reconhecem em Chávez um líder impulsionador das mudanças sociais e da integração no continente, e portanto sua vitória consolida esse caminho", opinou o presidente da Comissão de Relações Internacionais do Parlamento cubano, Ramón Pez Ferro.

Em declarações à Prensa Latina, o deputado recordou o papel desempenhado pela Venezuela nos últimos anos no nascimento de mecanismos de concertação política, econômica e social.

Sob a gestão de Chávez, na presidência desde 1999, esse país sul-americano foi protagonista no nascimento da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba, criada em dezembro de 2004), da União de Nações Sul-americanas (Unasul, em maio de 2008) e da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac, em dezembro de 2011).

Também foi determinante o papel venezuelano na fundação da Petrocaribe, iniciativa voltada para romper assimetrias no acesso aos recursos energéticos.

Sobressai também a contribuição de Caracas ao trabalho do Parlamento Latino-americano, o Parlamento Indígena e o Parlamento Amazônico, instituições a partir das quais vários países do continente defendem posturas e interesses comuns.

De acordo com Pez Ferro, os diversos mecanismos regionais têm no triunfo eleitoral de Chávez uma via para seu fortalecimento.

Trata-se de um presidente comprometido com o empenho para tornar realidade na região os sonhos de unidade de nossos próceres independentistas, assim como as aspirações de soberania de latino-americanos e caribenhos, apontou o deputado cubano.

Na ilha, representantes de outras instituições coincidiram na importância da reeleição do líder socialista, que há anos tem a integração regional como uma das prioridades venezuelanas em matéria de política externa.

Para a diretora da Casa da Alba Cultural, Ana Maria Pellon, os venezuelanos estavam conscientes de que com seu voto respaldavam um projeto de unidade e justiça social para todo o continente.

Trata-se da integração como garantia de um futuro diferente para os pobres e tradicionalmente oprimidos, disse à Prensa Latina.

Durante um dos foros preparatórios da cúpula de fundação da Celac, em Caracas, Chávez disse: "Que nada nem ninguém nos tire dos trilhos” – frase considerada uma mostra de seu compromisso integracionista.

A propósito do bloco genuinamente latino-americano e caribenho formado por 33 países, que não inclui Estados Unidos e Canadá, o estadista o qualificou de "algo grande e é história, porque somos a mesma pátria, o mesmo povo". De acordo com o mandatário só a unidade pode conduzir à verdadeira independência da região.

Intelectuais, políticos e movimentos sociais asseguram que Chávez era o único candidato realmente comprometido com os processos de integração na América Latina e no Caribe.

Nesse sentido atribuem ao principal candidato da oposição nas últimas eleições, Henrique Capriles, um duplo discurso quando disse não estar interessado na saída da Venezuela de processos como a Alba.

Capriles representa os que defendem as políticas neoliberais favoráveis a ampliar o papel do capital privado, estrangeiro e local, seus seguidores políticos e sociais têm sido fortes defensores do livre comércio promovido pelos Estados Unidos, advertiu antes da votação o sociólogo norte-americano James Petras.

O acadêmico denunciou que por trás de Capriles estava Washington, cujas administrações consideraram durante décadas a América Latina e o Caribe seu "quintal".

Reações latino-americanas

Pouco depois da vitória de Chávez, mandatários de vários países da região viram no triunfo do líder socialista a continuidade dos planos integracionistas na América Latina e no Caribe.

"Tua decisiva vitória assegura a continuidade da luta pela genuína integração de Nossa América", assinalou o presidente cubano, Raúl Castro, em uma mensagem de felicitação a Chávez, que com mais de oito milhões de votos derrotou Capriles com 11 pontos percentuais de diferença.

Não somente é o triunfo do povo da Venezuela, mas também dos países da Alba e da América Latina, afirmou por sua parte Evo Morales, presidente da Bolívia.

Morales tinha opinado antes das eleições que Chávez era a garantia da integração.

A chefe de Estado da Argentina, Cristina Fernández, escreveu nas redes sociais "Tua vitória também é a nossa vitória. A da América do Sul e do Caribe. Força Hugo! Força Venezuela! Força Mercosul e Unasul".

Também o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, considerou que a vitória eleitoral de Chávez fortalecia o avanço dos organismos de integração regional, como a Unasul, a Alba e a Celac.