Peru: Extrema-direita fará referendo revogatório contra prefeita

O Jurado Nacional de Eleições (JNE) no Peru reconheceu na madrugada desta terça-feira (30) que a extrema-direita do país recolheu as assinaturas necessárias para o pedido de um referendo sobre a continuidade do mandato da prefeita de Lima, Susana Villarán, que termina em 2014.

Peru - Efe

O JNE também declarou infundado o recurso apresentado pelo Registro Nacional de Identificação e Estado Civil, que indicava irregularidades no último lote de assinaturas. Dessa forma, não será possível provar se parte das 400 mil assinaturas são falsas, conforme apontava os assessores de Villarán.

O legislador Antonio Zevallos assinalou que as organizações Comuna Metropolitana e Força Social estão avaliando a possibilidade de denunciar quatro membros e o presidente do JNE, Hugo Sivina, ao Conselho Nacional de Magistratura (CNM), por irregularidades no processo.

“Politicamente me dá a impressão que o comportamento do jurado foi favorável ao grupo que pede a reconvocatória para Villarán”, afirma Zevallos.

Villarán, porém, prefere minimizar o caso. “É um processo legal e não vou me ocupar desse tema, ou não cumpro com as tarefas que a cidade me elegeu para fazer”.

A solicitação da consulta popular sobre o futuro da prefeita de Lima parte de um grupo da direita peruana ligado ao fujimorismo e ao prefeito anterior, Luis Castañeda. Segundo o jornalista peruano Augusto Alvares, um conglomerado empresarial de transportes e construção civil, que ficou de fora das novas políticas de Villarán, também defende o referendo.

As alegações do grupo para a reconvocatória são a falta de gestão social, abuso de autoridade e erros na operação policial que tentava desativar o mercado maiorista de Lima. Os confrontos entre policiais e comerciantes, ocorridos na sexta-feira (26) e no sábado (27), resultaram na morte de dois civis, 130 feridos e 126 detidos.

O gerente-geral da Associação de Municípios do Peru, Eduardo Meza, expressou seu apoio à prefeita. “Os pedidos se baseiam em argumentos frágeis”, pensa.

O custo para o processo de consulta popular geraria aos cofres públicos limenhos cerca de 40 milhões de dólares. Caso a consulta popular decida contra a continuação de Villarán em seu cargo, vários projetos que estão em curso, de reflorestamento, melhoria de transporte e novas vias públicas, seriam cancelados ou postergados.

Fonte: Opera Mundi