Secretário do PSDB detona Kassab e culpa Serra pela derrota em SP
"Secretário, você acha que o partido errou em não renovar a cara, assim como fez o PT?", perguntou uma jornalista da UOL, após o resultado das eleições de domingo (28), ao atual secretário de Energia de São Paulo, José Anibal (PSDB). Resposta: "Acho. Foi decisão do Serra ser candidato a prefeito. A aliança dele com o Kassab, ao meu ver, foi nefasta". Serra não engoliu o comentário do colega e retrucou: "Renovação é coisa do PT".
Publicado 01/11/2012 12:08
Na segunda-feira (29), um dia depois da derrota, Serra telefonou e enviou e-mails para ex-integrantes de sua campanha e aliados no PSDB paulista. Afirmou que a defesa da renovação era um tema que interessava apenas ao PT e reclamou das declarações feitas pelos integrantes do partido que defenderam publicamente mudanças no quadro partidário.
Segundo o Estado apurou, Serra disse que o PSDB estava se submetendo a uma estratégia dos petistas e que as declarações de defesa dessa tese eram uma traição à sua candidatura.
Serra também fez críticas duras a declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, antes mesmo do fim da votação, afirmou que "a renovação é necessária sempre e o Brasil está mostrando isso mais uma vez".
"O Serra é mais jovem do que eu e ainda tem a possibilidade de continuar a sua carreira, mas o partido, no geral, precisa de renovação. O momento é de mudança de gerações. Isso não quer dizer que os antigos líderes vão desaparecer. Eles têm apenas que empurrar os novos para a frente", disse o ex-presidente, no domingo.
A tese da renovação passou a ser defendida por políticos do PT e do PSDB após a vitória em São Paulo de Fernando Haddad (PT), cuja candidatura foi uma operação deflagrada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Outros fatores
Na avaliação que o candidato derrotado do PSDB fez a seus aliados, a derrota não se deu por uma questão de idade, mas sim por fatores que passariam pela má avaliação da gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e por sua renúncia ao mandato de prefeito em 2006, um ano e três meses depois de assumir o cargo, para disputar o governo do estado.
Vários aliados passaram, então, a criticar o discurso da renovação. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) criticou a tese da "novidade" nesta quarta-feira (30). "Muitos daqueles que hoje falam 'ah, o novo' imploraram para José Serra ser candidato a prefeito de São Paulo", disse Aloysio, na tribuna do Senado.
O ex-governador Alberto Goldman diz que o partido não deve mirar a idade para escolher seus quadros. "Dizem que a renovação é a escolha de pessoas jovens, mas isso é bobagem", afirmou o tucano.
Renovação
Segundo o jornalista Paulo Henrique Amorim, as declarações de Serra são um claro recado para o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que tentou disputar a Presidência da República pelo partido nas duas últimas eleições, mas foi barrado por Serra.
De fato, a renovação parece coisa mesmo da esquerda e dos governos que dão certo. Lula, por exemplo, acreditava que, para ganhar na capital paulista, o partido deveria apresentar um nome novo e que tivesse maior inserção na classe média – desde 2000, o PT tinha como candidata em São Paulo a ministra Marta Suplicy (PT). Já no PSDB, desde 1996, Serra e Geraldo Alckmin se revezam como candidatos a prefeito e governador.
Fonte: Da Redação, com agências