Farc e governo debatem tema agrário nos diálogos de paz

Os três primeiros dias de diálogo iniciado em Havana, Cuba, pelo governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP) centraram-se na questão agrária, que as partes consideram chave para acabar com décadas de conflito armado.

Representantes do ministério de Juan Manuel Santos e da guerrilha instalaram uma mesa de diálogo na última segunda-feira (19) no Palácio das Convenções de Havana, partindo de uma agenda de cinco pontos que procura traçar um caminho para a paz no país sul-americano.
O programa acordado após seis meses de abordagem exploratória começa com a política de desenvolvimento agrário global, em sintonia com o peso da questão da terra que tem a ver com o surgimento e o aprofundamento do conflito.

Até o momento, de acordo com os critérios definidos entre as partes negociadoras, ainda não há detalhes sobre o andamento das conversações, que têm Cuba e Noruega como fiadores, e Venezuela e Chile, na condição de observadores.

Nas poucas declarações divulgadas desde sua chegada a Cuba no último domingo, o principal negociador do governo colombiano, Humberto de la Calle, declarou que este tema é muito importante nas conversações com as Farc-EP. “Foi a partir da questão agrária que se desenvolveu o conflito”, reconheceu em um de seus comentários.

A guerrilha coincide em priorizar a solução do problema da terra, a partir de sua perspectiva de alcançar a paz com justiça social.

Recentemente, o chefe da representação das Farc-EP, Iván Márquez, denunciou que na Colômbia existem seis milhões de camponeses nas ruas.

“O problema da terra é histórico na Colômbia, nossa visão é pôr na mesa de negociações o desenvolvimento agrário”, afirmou.

O cessar-fogo

Ao chegar à mesa de diálogo, o dirigente anunciou um cessar-fogo unilateral, como prova de compromisso na busca da paz.

Márquez informou que o cessar-fogo será de 20 de novembro a 20 de janeiro de 2013. O governo de Santos coincidiu em sua vontade de acabar com o conflito, mas descartou a possibilidade de cessação das ações bélicas, argumentando que isso seria o resultado final, se o sucesso das negociações se materializar.

Além do anúncio do cessar-fogo, os delegados das Farc-EP fizeram breves comentários à imprensa.

O comandante guerrilheiro Jesus Santrich disse na última terça-feira (20) que "as negociações estão indo em um ritmo bom e no bom caminho", enquanto Márquez disse que "estamos trabalhando duro com uma imensa fé na capacidade do povo colombiano para a paz, que todos nós queremos."

Nos últimos dias, informou-se que será criado um portal na internet sobre o processo de paz, para facilitar a participação da sociedade colombiana nas negociações.

Prensa Latina