Arquivo de militar dá detalhes do caso Riocentro

O arquivo pessoal de um coronel que chefiou um dos órgãos de repressão da ditadura e que serão entregues à Comissão da Verdade do RS na semana que vem revela como os militares tentaram maquiar o cenário do atentado do Riocentro, em 1981.

O objetivo era criar um cenário no qual as explosões teriam sido uma iniciativa de guerrilheiros de grupos de esquerda, e não uma barbeiragem dos próprios militares.

A informação é do jornal "Zero Hora", que aponta como fonte o material recolhido pela Polícia Civil na residência de Júlio Miguel Molinas Dias, militar reformado morto aos 78 anos no início do e que chefiou o DOI-Codi no Rio de Janeiro.

O arquivo desse militar pode ajudar na apuração de dois casos emblemáticos da ditadura. Um deles é o caso Riocentro, de 1981, quando uma bomba explodiu acidentalmente em um veículo que levava dois militares em um show comemorativo do 1º de Maio, no Rio de Janeiro.

A explosão matou o sargento Guilherme Pereira do Rosário e feriu o capitão Wilson Luiz Chaves Machado, ambos do Exército.

Segundo o jornal "Zero Hora", documentos e anotações do militar que serão entregues à comissão da verdade mostram que o sargento tinha o codinome de "Agente Wagner", enquanto o capitão era chamado de "Dr. Marcos".

Rubem Paiva

O outro caso que pode ser esclarecido com os papéis é o desaparecimento do ex-deputado Rubem Paiva.

Um ofício em meio à papelada desse coronel morto informa a chegada de Paiva ao DOI-Codi do Rio, o que seria uma prova de seu desaparecimento sob a responsabilidade dos militares.

Até agora, o sumiço dele tinha como base apenas testemunhas.

Fonte: Folha de S. Paulo