Brasília homenageia Niemeyer, arquiteto vermelho

A pedido da presidenta Dilma, Oscar Niemeyer será velado no Palácio do Planalto.

Brasília homenageia Niemeyer, arquiteto vermelho

Os brasilienses se despedirão de Oscar Niemeyer em uma das obras primas do artista: o Palácio do Planalto. Em telefonema na noite de ontem, a presidente Dilma Rousseff ofereceu as instalações do prédio que ele desenhou para realizar o velório, e a família aceitou. O corpo chega hoje, por volta do meio-dia, à Base Aérea de Brasília, onde será recepcionado pelos pioneiros da cidade, pelo Corpo de Bombeiros e por integrantes Clube do Choro.

No fim da tarde, o corpo volta à capital fluminense, onde será enterrado na manhã de sexta, no Cemitério São João Batista. “Ele era um carioca da gema”, justificou o sobrinho Paulo Niemeyer, na porta do Hospital Samaritano, Zona Sul do Rio, onde o arquiteto morreu.

O velório de Oscar Niemeyer será o terceiro realizado na história Palácio do Planalto. O primeiro foi o do ex-presidente Tancredo Neves, em 1985. Naquela ocasião, foi permitido ao público, pela primeira vez, subir a rampa do Planalto, autorizado somente a chefes de Estado. A segunda solenidade foi o funeral do ex-vice-presidente José Alencar, em março de 2011, quando passaram pelo Salão Nobre cerca de 10 mil pessoas para se despedir. Entre elas, autoridades como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O jornalista Silvestre Gorgulho, amigo do arquiteto, ajudou na intermediação entre autoridades e a família para a vinda de Niemeyer à capital federal. Segundo Gorgulho, há a expectativa de que os pioneiros da cidade, os clubes do Choro e de Repente da cidade acompanhem a passagem do corpo do arquiteto por Brasília. Para Gorgulho, as lágrimas, agora, não devem ser de dor, mas de reverência. “É importante que Brasília, que sempre homenageou os campeões, homenageie o maior de todos: Oscar Niemeyer”, disse. “É hora de bater palmas, de comemorar. Não é hora de tristeza, até porque existem vários projetos deixados por Niemeyer a serem construídos”, complementou. Entre esses projetos, está a Praça do Povo, o Museu dos Presidentes e a nova guarita do Palácio do Planalto.

O corpo de Niemeyer deixará a cidade que ele idealizou, pela última vez, no fim da tarde de hoje, quando voltará para o Rio de Janeiro. Reforma

Projetado por Niemeyer e inaugurado com a nova capital, em 21 de abril de 1960, o Palácio do Planalto foi o centro das comemorações. No mesmo dia, também foi inaugurada a guarita, que ficava ao lado da entrada do estacionamento externo do edifício, demolida em 2001, a pedido do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República por não se adequar às especificações de segurança. Entre os problemas, estava a falta de espaço e de banheiros para os seguranças. A previsão do Planalto é de licitar a construção do novo espaço, também desenhado por Niemeyer, até o fim do ano. O projeto executivo custou R$ 58 mil e a expectativa de orçamento da obra é de R$ 50 mil. A obra deve ser concluída em março de 2013.

Cortejo

O corpo de Oscar Niemeyer deixa o Rio de Janeiro às 10h em direção a Brasília.

Por volta do meio-dia, chega à Base Aérea, onde será recepcionado pelo Corpo de Bombeiros e pioneiros da cidade. Músicos do Clube do Choro seguirão o cortejo fúnebre.

Os restos mortais do arquiteto serão levados, em carro aberto do Corpo de Bombeiros, para o Planalto, passando pelo Eixão e pela Esplanada dos Ministérios.

No fim da tarde, haverá o traslado do corpo de Niemeyer de volta para o Rio de Janeiro.