Banco Central sinaliza mais intervenções no câmbio

O mercado começa a segunda-feira à espera de novas intervenções do Banco Central no câmbio. Isso porque a autoridade monetária contactou os bancos "dealer" para realizar pesquisa de demanda por contratos de swap cambial tradicional (que têm o efeito de uma venda de dólar futuro) e contratos de linha de dólares (no qual o BC vende moeda com compromisso de recompra no futuro) no fim do pregão da sexta-feira.

A sinalização ocorreu nos minutos finais da sessão, quando a moeda acelerou a leve alta que marcava para fechar com ganho de 0,58%, a R$ 2,091. A valorização pôs fim à maior sequência de baixas da moeda americana desde o início de agosto, mas não foi suficiente para reverter a desvalorização acumulada na semana, de 1,88%, determinada pelas medidas do governo.

Parte da alta veio de investidores buscando recuperar as perdas da semana, além de outros que tentaram assumir posições mais defensivas antes do fim de semana. "Na sexta-feira o pessoal não gosta de se expor muito, e volta a comprar", disse Reginaldo Siaca, superintendente de câmbio da Advanced Corretora.

Após todas as intervenções da semana passada, a dúvida que paira sobre o mercado é relativa a qual o nível que o governo considera ideal para o dólar. "Que [o câmbio] é administrado, já está dado. A questão é em que nível. Agora, talvez R$ 2,07, R$ 2,08, seja um ponto desejado, mas no ano que vem pode ser mais para os R$ 2,10", disse um operador.

As taxas de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) também passaram por ajustes na sexta-feira. Depois de cair entre os pregões de segunda a quinta-feira, em movimento intensificado pela ata do Copom, os contratos recompuseram na última sessão parte do forte recuo que sofreram até a véspera, quando a movimentação foi recorde.

Parte da correção se deveu ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal referência do Banco Central para conduzir a política de juros, que avançou 0,60% em novembro, acima do teto das estimativas colhidas pelo Valor Data, de 0,52%.

O estrategista para América Latina do BofA Merrill Lynch, David Beker, disse que apesar de incertezas sobre o horizonte inflacionário, não se pode descartar um novo corte dos juros. "Se eventualmente os próximos movimentos de atividade continuarem surpreendendo ou a recuperação não se acentuar, então pode haver um corte. Mas, com as informações que se tem hoje, o mercado parece ter exagerado", diz.

Fonte: Valor Econômico