Publicado 20/12/2012 10:19 | Editado 04/03/2020 16:28
Morreu nesta quarta-feira, 19 de dezembro, o camarada Nilo Cordeiro da Silva, aos 85 anos de idade. Seu Nilo, como era conhecido, era um veterano militante do Partido Comunista do Brasil no município de Camocim-Ceará, pertencente a uma boa cepa de comunistas, que deu pai, irmã, filhos e sobrinhos à causa do proletariado.
Conheci Seu Nilo há mais de vinte anos, quando o mesmo deixou o PCB para ingressar no PCdoB. Era o momento da chamada crise do socialismo, e no PCB estava em curso o processo que iria desaguar na formação do PPS. Seu Nilo formou na linha de frente daqueles que, em Camocim, não aceitavam os novos rumos. Juntamente com seu filho Onildo e seu sobrinho Haroldo, acompanhados por Simião, todos dirigentes municipais do PCB, tomaram a decisão de ingressar no Partido Comunista do Brasil.
De lá para cá Seu Nilo esteve no PCdoB, cumprindo assim várias décadas de militância. Durante muito tempo convivi de perto com ele, como responsável pelo trabalho do partido naquele município. Gostava de ouvir suas histórias, de ouvi-lo contar sobre o pai, Pedro Rufino, um dos fundadores do Partido Comunista em Camocim em 1928, vereador pelo Partido no final dos anos de 1940, agitador, propagandista e organizador do Partido entre os trabalhadores, especialmente entre os ferroviários, portuários e salineiros daquela cidade.
Seu Nilo morre exatamente quando o Partido Comunista reconquista uma cadeira na Câmara Municipal de Camocim, mais de seis décadas depois da presença do seu pai, Pedro Rufino, naquela casa.
Com a sua partida, não apenas a sua família, mas a militância do comunista no Ceará se cobre de luto.
Parte um lutador, um combatente do povo, um destes tantos heróis anônimos que ajudaram a construir a democracia no Brasil. Nilo “mecânico”, Nilo da Oficina, Nilo “comunista”, Seu Nilo, “Ti” Nilo, como tantas vezes me peguei chamando-o, por influência de Haroldo, seu sobrinho. Parte um bom homem, íntegro; parte um valoroso militante, que fez da vida combate permanente por uma sociedade justa, humana, socialista; parte um velho amigo, com quem muito aprendi sobre fidelidade e dedicação ao Partido.
A nós, que ficamos, cumpre honrar a bandeira que Seu Nilo carregou por toda a vida e responder, sempre que formos chamados. Camarada Nilo! Presente!
*Joan Edesson é doutorando em Educação Brasileira na Faculdade de Educação da UFC e membro do Comitê Estadual do PCdoB/CE
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