Redes sociais, uma armadilha sexual para crianças indonésias

A insegurança cibernética na Indonésia recai sobre os setores mais vulneráveis da sociedade: as crianças, que, sob a aparente liberdade da web, correm o risco de ser vítima de predadores sexuais.

O caso de uma adolescente indonésia de 13 anos residente de Depok, Java Ocidental, que recebeu uma solicitação de amizade no Facebook de um desconhecido e aceitou por curiosidade, é um dos tantos ocorridos na nação asiática.

A menor e o homem conhecido pelo pseudônimo Yagi, trocaram números de telefone e as mensagens de texto entre ambos foram ficando cada vez mais frequentes.

Quando se conheceram pessoalmente, ele parecia ser encantador e ficaram de se ver de novo; no entanto, nessa ocasião, o homem, de 24 anos, levou a menor sem seu consentimento à cidade de Bogor.

Uma reportagem divulgada pela agência Antara News informou que a adolescente foi trancada em uma pequena habitação com pelo menos outras cinco garotas de 14 a 17 anos, foi drogada e estuprada.

Depois de uma semana de tortura, seu captor disse que a tinha vendido e a enviaria a Batam, ilha utilizada – segundo informações policiais – como destino ilícito de turismo sexual.

Mas o sequestrador decidiu abandoná-la no passado dia 30 de setembro em uma estação de ônibus ao não conseguir reunir o dinheiro para mandá-la à ilha, ao saber que seus pais e as autoridades a buscavam. Mas seu sofrimento não estava no fim; a jovem foi expulsa de sua escola porque a violação "prejudicava" a imagem da instituição.

Até agora em 2012, 27 das 129 crianças reportadas como desaparecidas na Indonésia foram sequestradas depois de se encontrar com seus captores graças ao Facebook, alertou a Comissão Nacional para a Proteção da Infância.

Neste último mês foram pelo menos sete denúncias desse tipo no país.

No arquipélago do sudeste asiático há cerca de 50 milhões de pessoas cadastradas na popular rede social, o que converte o país em um dos quatro com maior número de usuários.

Os adolescentes indonésios publicam fotos e informação pessoal sem mudar a configuração de privacidade e sem consciência dos perigos aos quais se expõem.

O Facebook assegura que seus pesquisadores revisam regularmente o conteúdo da página e trabalham com as autoridades, como a Organização Internacional de Polícia Criminosa Interpol, para combater a atividade ilegal através de seu serviço.

Levamos muito a sério o tráfico de pessoas e ainda que este comportamento não seja comum no Facebook, foram adotadas uma série de medidas para enfrentar a situação, informou o porta-voz da conhecida rede social, Andrew Noyes.

O Comitê Nacional contra o Tráfico Humano contabilizou 435 casos documentados de crianças que foram vítimas deste cruel crime. Mas muitos ativistas consideram que o número real é bem mais alto.

Com frequência menores desaparecidos não são reportados. O estigma e a vergonha unidos ao abuso sexual no país com a maior população muçulmana jogam um papel central, junto com a crença de que a polícia não fará nada.

Relatórios internacionais estimam que anualmente entre 40 e 70 mil menores caem nas redes do tráfico ilícito de seres humanos, pornografia ou prostituição na Indonésia, com uma população majoritariamente pobre de 240 milhões de habitantes.

Prensa Latina