Paraguaios encerram o ano com manifestação oposicionista

Uma multidão, com forte presença camponesa, realizou neste domingo (30) uma manifestação sob a direção da Frente Guasú, coalizão de partidos e organizações sociais.

O evento ocorreu no município de San Pedro del Paraná no departamento de Itapúa, situado a 360 quilômetros de Assunção e lugar de nascimento do presidente constitucional, Fernando Lugo, destituído por um golpe de Estado. Lugo foi recebido com grande entusiasmo pela direção da Frente, que ele lidera.

Ao longo de cinco quilômetros, antes de chegar à praça escolhida para o ato, uma caravana de carros e motos o acompanhou e cerca de cinco mil pessoas, segundo os organizadores, participaram da concentração.

Em seu discurso, Lugo fustigou o governo de Federico Franco e o Congresso Nacional por negar-se a dar solução a mais de 100 conflitos relativos às demandas de camponeses sem terra, vítimas do latifúndio e obrigados a viver durante anos em barracas com suas famílias.

Para Lugo, isso ocorre pela falta de vontade de trabalhar para suprir as necessidades da população e exaltou o avanço na consolidação da coalizão de 11 organizações de esquerda na Frente Guasú.

Uma boa parte de seu discurso foi dedicada também a reafirmar o repúdio às negociações que o governo leva adiante para fechar acordos com a multinacional canadense Rio Tinto Alcán com o objetivo de instalar no território paraguaio esse gigante produtor de alumínio.

Lugo disse que Franco quer dar um salvo-conduto a uma empresa poluidora do meio ambiente, a qual se apoderará também da energia produzida pelas usinas binacionais de Itaipu e Yaciretá.

Lugo recordou que durante seu governo a transnacional tentou entrar no país e ele apresentou como indispensável o respeito não só à soberania energética e cultural do Paraguai, como à soberania econômica, saber de donde vem a empresa investidora e por que quer instalar-se no país.

Ninguém pode, ademais, trazer veneno a nossa terra derramando substâncias perigosas em nosso solo, tem que pagar todos os impostos e criar postos de trabalho, com seguridade social e salários de acordo com a lei, advertiu ao evocar finalmente as acusações contra a Rio Tinto feitas em vários países.

Prensa Latina
; tradução da redação do Vermelho