Paraguaios denunciam plano de Franco de trocar terras por votos

As principais organizações camponesas do Paraguai rechaçaram neste sábado (5) um plano governamental que propõe entrega de terras em troca de apoio político nas eleições do próximo mês de abril.

camponeses paraguai

“Nunca vamos negociar o direito dos camponeses sem-terra em troca do apoio a um governo que, além disso, é ilegítimo”, declarou a Federação Nacional Camponesa, a Mesa Coordenadora de Organizações Camponesas e a Organização de Luta pela Terra, ao final de uma assembleia conjunta.

A imprensa publicou, nos últimos dias, informações sobre reuniões de congressistas e funcionários públicos militantes no partido Liberal Radical Autêntico, ao qual pertence o presidente Federico Franco, nos quais se ajustou a proposta feita a grupos de camponeses sem-terra.

O governo se comprometeria, segundo esse projeto, a chamar a licitação em fevereiro ou março para a aquisição de terrenos destinadas a posterior entrega a determinados grupos de camponeses, em troca do apoiar aos candidatos liberais nas próximas votações.

Através dessa oferta feita a alguns dos dirigentes da Liga Nacional de Acampados, o plano busca também a neutralizar as ocupações de terras por parte dos que vivem com suas famílias em barracas de lona, que se veriam obrigados a emitir seu voto pelo partido de Franco.

As organizações históricas dos camponeses disseram que o Estado tem a obrigação de ajudar os setores mais pobres, segundo a Constituição, e quem aceite condicionamentos para isso se aparta dos princípios históricos do movimento camponês paraguaio.

Belarmino Balbuena, um dos dirigentes nacionais, destacou que a proposta é, além disso, uma mentira do governo, pois os processos de licitação prévios à compra estatal dos terrenos, são longos e ao presente Executivo restam poucos meses no poder.

"A responsabilidade do governo não deve se comprometer com as pessoas a vender sua dignidade em troca de promessas", ressaltou, enquanto Teodolinda Villalba, secretária geral da Federação, disse que se aproveitam da necessidade de muitas pessoas pobres e sem-terra.

O jornal Última Hora informou que o próprio Franco participou das reuniões sobre o tema e propôs ordenar a licitação para a compra de terras em 10 departamentos do país em troca de 100 mil votos para o Partido Liberal nas próximas eleições.

Fonte: Prensa Latina