Everaldo Augusto: Um mandato para todos os segmentos sociais
Por Maiana Brito
Bancário, professor e com uma trajetória política extensa no movimento sindical, Everaldo Augusto foi eleito vereador no último pelito e assume uma das 43 cadeiras na Câmara de Vereadores no dia 1º de janeiro de 2013. Preparado para a tarefa de trabalhar em benefício do povo soteropolitanos, ele compartilhou com o Portal Vermelho um pouco de seus projetos para o mandato que se inicia. A pauta inclui assuntos como mobilidade urbana e educação.
Publicado 07/01/2013 14:05 | Editado 04/03/2020 16:17
Portal Vermelho – Como é voltar a ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores, desta vez eleito diretamente e segundo candidato mais votado do PCdoB?
Everaldo Augusto – Nossa eleição é uma vitória coletiva, que tem origem no movimento sindical classista e cuja referência é o projeto de transformação da sociedade defendido pelo PCdoB. Claro que a conquista do mandato é também o resultado da agregação de centenas de pessoas das mais diversas áreas da cidade e de amigos que acreditaram na possibilidade de reconstruir a cidade de Salvador, a partir da mobilização em torno de projetos de mobilidade urbana sustentável, direitos dos consumidores, políticas públicas de esporte, cultura e educação, sob a consigna de Salvador quer mais… e pode mais.
PV – Qual o papel fundamental de um vereador e como trabalhar em prol da cidade?
EA – O mandato do parlamentar comunista será sempre uma ferramenta da construção da luta pelo socialismo e da organização popular, além de ser um porta-voz dos trabalhadores. É preciso que o mandato do vereador, além de exercer ação fiscalizadora sobre o Executivo, articule essas premissas mais gerais com o quadro de grande complexidade da crise em que a cidade vive. O foco principal é para que nossa ação parlamentar ganhe efetividade e contribua para buscar soluções para os graves problemas urbanos e sociais de Salvador.
PV – Você tem reforçado a necessidade de ciclovias em Salvador, como alternativa de transporte prático, barato e limpo, para tentar melhorar o problema de mobilidade urbana. Inclusive, realizou passeios ciclísticos. Este é o seu foco no mandato de 2013-2016?
EA – A solução para a crise de mobilidade nas grandes cidades passa pela adoção de um sistema de mobilidade urbana intermodal e sustentável, com baixo impacto ambiental, acessibilidade universal, viável economicamente e que promova a qualidade de vida. Inclusive, esta é a essência da Lei 12.587, promulgada pela presidente Dilma em janeiro deste ano, que coloca os deslocamentos à pé e em duas rodas como prioritários nas cidades, quando da elaboração do Plano Diretor de Mobilidade Urbana. É a partir deste ponto de vista que trataremos o tema, reivindicando que a bicicleta seja incorporada ao sistema de transporte público de Salvador. Para isso, a cidade precisa ter uma rede de ciclovias e programas de educação no trânsito.
PV – Mas, a bicicleta não resolve o problema de mobilidade urbana, é apenas um meio suplementar. Como fazer para que funcione efetivamente e contribua para diminuir os problemas do trânsito na cidade? E os outros transportes: metrô, BRT, VLT?
EA – Volto a afirmar que a bicicleta é um dos componentes deste sistema de mobilidade urbana intermodal e sustentável, sendo um dos mais baratos inclusive, além de ser o mais saudável. Os estudos demonstram que, para os percursos de até seis quilômetros, a bicicleta é o meio de transporte mais indicado. O fundamental é que nas grandes cidades, incluindo Salvador, claro, tenhamos o transporte público oferecido por trilhos (metrô, trens e VLT), ônibus, bicicletas e motos, transporte aquático, vias públicas com acessibilidade universal, com áreas verdes, sombreadas e segurança.
PV – Você é bancário e professor, esteve à frente da Coordenação de Esporte da Setre e foi chefe de Gabinete da Secopa. De que forma estas experiências podem contribuir para o seu mandato na Câmara?
EA – A experiência de trabalho no poder executivo me deu a dimensão correta e a importância do planejamento, com suas ferramentas da gestão por projetos (metas, ações, indicadores de resultados, responsabilidades), que agilizam a execução do orçamento, garantem os resultados e facilitam a interação com os órgãos de controle. Estas noções e conceitos ajudarão muito na ação propositiva e fiscalizadora do nosso mandato.
PV – E em relação à educação, que tem sido um dos problemas enfrentados, quais as suas propostas, enquanto profissional da área?
EA – O grande desafio de todo educador é resgatar o papel transformador da educação, que possibilita a formação de cidadãos críticos e atuantes no contexto em que vivem. Por isto, lutamos pela educação pública de qualidade, com escolas equipadas, inserida na comunidade, gestão democrática, com valorização do conhecimento trazido pelo aluno das suas vivências e com valorização dos profissionais educadores. Pontualmente, vamos sugerir ou incentivar que vários temas transversais sejam tratados na educação municipal, como gênero, etnia, diversidade, esporte, cultura e artes, para que possamos reforçar a dimensão humana da educação escolar. Proporemos também que o profissional de serviço social, o assistente social, seja incorporado à escola, com ingresso através de concurso público e carreira própria. Eu poderia dizer também, para concluir, que o tema educação é muito vasto, enseja múltiplas abordagens e solução para diversos tipos de demandas para nosso mandato, como a exigência da contratação imediata de todos aprovados nos concursos da educação municipal e o reforço necessário às escolas comunitárias e creches.
PV – E sobre as outras categorias de trabalhadores, como bancários, por exemplo, aposentados e juventude trabalhadora?
EA – A Câmara Municipal pode fazer muito por diversas categorias de trabalhadores, já que várias funções e ofícios são regulamentados pelos poderes municipais, Executivo e Legislativo. Apresentaremos um projeto de horário de atendimento nas agências bancárias, já que esta regulamentação é facultada ao município pelo Banco Central. Nosso objetivo é preservar o direito dos empregados e melhorar a qualidade do serviço. A idade mínima de 60 anos para concessão do passe do idoso no transporte público também será pautada por nosso mandato e buscaremos articular a qualificação profissional para os jovens em idade de ingressar no mercado de trabalho. Quero acrescentar ainda que nosso mandato de vereador será exercido de portas abertas a todos os segmentos sociais e de frente para os problemas da cidade, apoiando a organização popular e participando do dia a dia da cidade.