Altair Freitas faz relato sobre o racismo nos 459 anos de SP

Dia desses o Secretário para promoção da igualdade racial do município de São Paulo, Netinho de Paula, em uma entrevista polêmica disse que São Paulo é uma cidade racista. É forçoso reconhecer que o racismo é um elemento absolutamente presente na nossa sociedade e São Paulo, obviamente, está longe de ser um exemplo de igualdade, seja ela racial ou econômica e social.

Nossa pesadíssima herança colonial escravista, no Brasil e em São Paulo em particular, se faz presente em todos os setores, da formação escolar à distribuição da renda.

Basta ver como parte considerável da população negra continua submetida a condições degradantes de vida. Nosso capitalismo, aqui imposto e desenvolvido a partir do capitalismo europeu, o mesmo que escravizou dezenas de milhões de africanos ao longo de séculos para daqui extrair riquezas diversas e fortalecer a Europa e em particular a sua burguesia, nos deixou um legado de brutal concentração de renda agregado ao racismo.

Negar isso é negar a história e negar a história é colaborar com a manutenção da opressão. Netinho, portanto, colocou um dedo na ferida e muita gente está incomodada com a declaração.

Evidente que não dá para afirmar que todo paulistano é racista e creio que Netinho buscou referir-se muito a um senso comum que permeia o pensamento e a ação de muita gente em São Paulo. Sem dúvida, no mínimo, é um excelente debate que precisa ser encarado de frente e jamais colocado para baixo do tapete.

E querem ver um exemplo latente desse tipo de senso comum e de pratica racista? Basta ver o comercial da rede globo para os 459 anos de São Paulo.

Nenhuma referência à presença africana por aqui. Pior, nenhum negro ou negra aparece na propaganda como exemplo de paulistano típico ou que tenha construído parte da vida em São Paulo.

Nada contra homenagear quem quer que seja oriundo de qualquer parte do Brasil ou do planeta. Mas a omissão à presença negra (ou mesmo indígena) é sintomática. Não reclamem do Secretário! Reclamem do senso comum bisonho! 

(Assista abaixo o vídeo do qual Altair Freitas se refere.)