Subcomandante Marcos critica programa contra a fome de Peña Nieto

O subcomandante Marcos, líder ideológico da guerrilha zapatista mexicana criticou a “péssima coreografia” da campanha contra a fome lançada nesta segunda-feira (21) pelo presidente Enrique Peña Nieto e disse que “ninguém acredita nele”, em um texto dirigido a “Ali Babá e seus 40 ladrões”.

“Não encontramos palavras para expressar nosso sentimento sobre sua Cruzada Nacional contra a fome, assim que vai sem palavras”, escreveu Marcos como preâmbulo para um desenho “obsceno” de uma mão com o dedo médio no alto seguido de sua assinatura.

O texto foi publicado na madrugada desta terça-feira (22) na página na internet do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), horas depois de Peña Nieto apresentar seu plano contra a fome em Las Margaritas, um município da área zapatista no sudoeste do estado de Chiapas.

Marcos acompanhou o desenho com três Post Scriptu (PS) nas quais zombou da “coreografia” do ato oficial ao qual compareceram governadores, camponeses e indígenas, e o comparou ao Teleton, uma maratona televisiva com o objetivo de arrecadar fundos para crianças carentes.

“Muito mal garat@s. Péssima coreografia e má coordenação. Este aplauso dos acarreados [pessoa que é levada de ônibus a um lugar para participar de uma manifestação] estava completamente fora do tempo”, escreveu.

No título, especificou entre parênteses a quem se referia com os 40 ladrões: “governadores, chefe de governo e puxa-sacos” que assistiram à cerimômia.

O líder insurgente, principal porta-voz do EZLN desde o levante armado de 1º de janeiro de 1994, também zombou da “gagueira, além dos erros no uso do plural, o singular, o masculino e o feminino” nos discursos do presidente.

“Tem que praticar mais. Mmh… a menos que já seja um estilo de governo (…) Por si só ninguém acredita neles e ainda com estes papelões, menos”.

O programa

Ao anunciar seu programa contra a fome, Peña Nieto ressaltou que não será assistencialista, mas buscará tirar da miséria 7,4 milhões de pessoas nos próximos seis anos.

O programa inclui ações para proporcionar alimentação aos mais necessitados, eliminar a desnutrição infantil, aumentar a produção de pequenos e médios camponses e alcançar uma maior inclusão social.

As comunidades autônomas zapatistas, que desconhecem o governo, sempre se negaram a receber ajuda oficial e têm suas próprias escolas e clínicas de saúde.

Marcos afirmou em sua mensagem que as “esmolas” têm que ser oferecidas do outro lado.

Fonte: La Jornada
Tradução: da Redação do Vermelho